quarta-feira, 20 de maio de 2015

Legalização das drogas já! Sob controle operário e popular!


Juventude Às Ruas USP

Constantemente vemos os governos dos ricos interferirem em nossos corpos e não permitirem que tenhamos autonomia sobre o que fazemos com aquilo que somos. A liberdade mínima e democrática de sermos livres para decidir o que fazer com nossos corpos, como a liberdade de alteração de consciência através do uso de substâncias psicoativas, é limitada tanto por padrões morais quanto por leis conservadoras que proíbem determinadas substâncias.

A farsa da proibição

            A proibição das drogas tem um processo histórico mundial de opressão e exploração. Desde o fim do século 19 a burguesia imperialista passou a fazer uma ampla política de controle social sobre os povos que eram explorados pela produção capitalista a partir do novo processo de industrialização e divisão internacional do trabalho. Aquela erva fumada pelos latinos e asiáticos, aquele pó que os africanos cheiravam, o ópio dos orientais, tudo isso era propagandeado como uma grande ameaça à sociedade branca e cristã, especialmente norte-americana imperialista. Porém, a proibição não passava de controle cultural, social e político sobre os povos oprimidos que eram explorados nas fábricas do império, sustentada pela propaganda ideológica sobre as massas dos “males das drogas”.

O grande discurso do “combate às drogas” não passa de uma retórica hipócrita por parte do imperialismo estadounidense para vigiar as semicolônias como o Brasil, e a partir desta “guerra ao narcotráfico” encontrar o seu plano ideológico para financiar a repressão e massacre nestes países. As burguesias nacionais, incapazes de qualquer distanciamento do império, são grandes interessadas em tal processo repressivo, e historicamente vêm usando o combate às drogas e aos seus traficantes como principal discurso para a militarização das periferias e favelas, que tenta legitimar o genocídio da juventude pobre e negra. A violência existe por conta da proibição política destas substâncias, e não por conta das substâncias em si.

O mercado lucrativo do narcotráfico

Através da lógica proibicionista colocada em prática há tantos anos, os poderosos encontraram uma fórmula para ao mesmo tempo em que reprimem os pobres com a desculpa do combate às drogas, também terem como de lucrar com todo o comércio ilegal do narcotráfico. Sabemos, por exemplo, que o comercio das grandes fabricantes de armas passa em grande parte pelas rotas do comércio ilegal de drogas, financiando as guerras e genocídios ao redor do mundo, especialmente nos países mais pobres. O mercado clandestino das drogas também é onde os grandes empresários lavam seu dinheiro sujo, com contas bilionárias nos países de paraíso fiscal.

Existe ainda uma divisão internacional da produção bem definida entre os capitalistas do mercado de drogas, em que na Europa é comum que se produzam as drogas com mais tecnologia agregada, enquanto que em países como Colômbia, Afeganistão e Brasil se localizam as plantações de drogas de baixo valor agregado. Os capitalistas, aliados aos seus políticos corruptos, desenvolvem todo um sistema de comércio ilegal de drogas em que na “ponta” estão parte de suas vítimas, afinal, o “aviãozinho” das favelas brasileiras, ou a juventude pobre e negra que passou por amplos processos de desemprego e encontrou no tráfico uma atração econômica, tem como resposta desta mesma sociedade que o criou, a morte ou prisão por parte das forças repressivas do Estado. No Brasil, o genocídio tem números dentre os maiores do mundo e a política reacionária avança com as recentes tramitações da redução da maioridade penal no congresso, que propõe o aumento da população carcerária que já figura entre as três maiores do mundo, propondo também um fim cada vez mais rápido à vida da juventude pobre e negra do país.

Devemos considerar ainda o controle técnico e científico que possuem os grandes capitalistas sobre a produção de drogas mundial, onde, por exemplo, a patente da heroína pertence a Bayern e a do LSD à Roche, duas das maiores indústrias farmacêuticas do mundo, que se utilizam disso para obter o controle das pesquisas e técnicas de produção dessas substâncias. Tal controle estar longe das mãos dos trabalhadores resulta no que vem sendo a política de drogas nas ultimas muitas décadas: uma limitação irracional do desenvolvimento de possibilidades medicinais e recreativas dessas substâncias e o uso sem conhecimento dos efeitos e propriedades de cada droga por parte da classe trabalhadora. Este distanciamento do produto faz com que possam surgir drogas de controle populacional e extermínio, como o Crack. Caso o conhecimento, a produção, distribuição e consumo estivessem sob controle dos próprios trabalhadores, não faria sentido existir drogas de destruição, mas sim, poderíamos avançar em uma utilização saudável das substâncias psicoativas.

O desconhecimento das substâncias por parte dos trabalhadores e da juventude faz com que nos pareça normal a legalidade do álcool, cigarro, café, açúcar e diversas outras substâncias psicoativas, mas não a maconha, cocaína, LSD etc. Podendo racionalizar esta produção, veríamos também os efeitos destruidores que o álcool provoca na sociedade, com as brigas de bar, acidentes de transito, problemas graves de saúde e etc. Enquanto que por outro lado, sabemos de alguns efeitos bem menos nocivos nos casos da maconha ou do LSD, por exemplo. Porém, a medicina e suas pesquisas de hoje não querem saber de bem-estar, mas sim, buscam apenas o lucro e a mera sobrevivência do trabalhador, para que ele possa ter a saúde mínima para continuar produzindo. Portanto, drogas que são contraditórias ao ritmo de produção capitalista, ou que podem ser utilizadas para ajudar que alguns tratamentos sejam menos nocivos ao corpo, não interessam aos olhos de lucros dos grandes capitalistas, que regem a proibição junto de seus políticos e enriquecem com o tráfico mundial.

Legalizar, estatizar e controlar!

É por conta de todo este cenário absurdo do proibicionismo mundial, por conta do genocídio aos povos oprimidos ao redor do mundo, e para lutar contra o lucro de sangue destes capitalistas, que devemos lutar pela imediata legalização das drogas, não mais nas mãos da propriedade privada e dos grandes monopólios, mas controlada pelos trabalhadores e pela população, através de comitês de base que definam a produção, distribuição, preço e educação sobre as drogas. Precisamos construir uma forte aliança entre os estudantes das universidades para o desenvolvimento de pesquisas junto aos trabalhadores do setor farmacêutico, em busca das melhores soluções medicinais e recreativas dessas substâncias. Uma aliança também dos estudantes que possam prestar atendimento social, médico e psicológico para todos os dependentes dedrogas produzidas para dizimar o povo pobre, que viciam as pessoas por conta da própria miséria material e subjetiva que o capitalismo os impõe. É necessária uma ampla mobilização anti-imperialista que retire as bases norte-americanas da América latina e coloque em prática um processo de expropriação dos bens dos grandes traficantes e cartéis de drogas, revertendo o dinheiro para a pesquisa e desenvolvimento da produção estatal sob controle operário e popular, dando um basta aos governos aliados dos grandes cartéis do tráfico mundial, como no caso mexicano. Para conquistarmos este programa, devemos lutar pelo fim das polícias, impondo um fim ao genocídio da população pobre e negra em nosso país.

A ANEL, que é uma entidade nacional independente dos governos e da burguesia, tem a importante tarefa de lutar pela legalização das drogas sob controle operário e popular. Convidamos todos ao congresso da ANEL em Campinas, a partir de 4 de Junho, para também debatermos as questões das drogas e organizamos a luta pela legalização. Assim como convidamos para a Marcha da Maconha de São Paulo, a ser realizada no próximo dia 23 de Maio, no vão do MASP.

1 comentários:

Gostaria de comentar o trecho:
"Uma aliança também dos estudantes que possam prestar atendimento social, médico e psicológico para todos os dependentes dedrogas produzidas para dizimar o povo pobre, que viciam as pessoas por conta da própria miséria material e subjetiva que o capitalismo os impõe."
Acrescento que existem diversos serviços de saúde destinados ao "tratamento" e que atuam em diferentes perspectivas, uns sob o enfoque da Guerra às Drogas, abstinência total, 12 passos, etc e outros que atuam com foco no sujeito e sua autonomia, na perspectiva da Redução de Danos. No último período, os governos federal e estaduais promovem políticas de fortalecimento às comunidades terapêuticas, instituições fechadas, privadas e que não raramente promovem práticas desumanizadas e opressoras de 'tratamento', incluindo cura gay, torturas, imposições religiosas, etc....Em contrapartida dos investimentos governamentais nas comunidades terapêuticas, os serviços abertos e substitutivos ao isolamento, e que são fruto da luta pela democratização e humanização da saúde, são cada vez mais atacados, com privatizações, cortes de verba, falta de materiais, sobrecarga de trabalho, superlotação, etc...
Os trabalhadores da Saúde Mental começaram protagonizar a luta pela democratização e humanização da Saúde Mental em 1978, é preciso que a juventude também tenha como norte retomar essa aliança com os serviços de saúde abertos e substitutivos ao modelo manicomial!
Thaís Ayllu - Terapeuta Ocupacional (Consultório na Rua)

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