segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Uma lata contra o Estado




Na madrugada do dia 31 de julho a polícia fez mais duas vítimas em nome da ordem, assassinou Alex Dalla Vecchia Costa e Aílton dos Santos. Jovens trabalhadores do ABC de São Paulo, um marmorista e outro organizador de eventos, por praticarem a pichação.


A pichação é um misto de arte e entretenimento. Ao mesmo tempo em que é a expressão dos sentimentos e aspirações de um artista, é também encarado como simples diversão. Para suprir a necessidade de se expressar e se entreter, essenciais de todo ser humano, muitos jovens decidem pichar. Por ser muito popular entre a juventude da periferia acabou por ser um dos pilares do movimento hip-hop.

Ao subirem em um prédio da Mooca para escrever JETS e ANORMAL (suas marcas), Alex e Aílton foram surpreendidos pela PM, que os matou a tiros. Contra as armas tinham apenas latas de spray. Os policiais forjaram uma cena de assalto, escondendo as latas e "achando" duas armas de fogo.

Essa polícia que matou Douglas Rodrigues na ZN, reprime a greve da USP, prende ativistas e impede os metroviários de lutar, foi montada durante a Ditadura Militar para o controle populacional da juventude negra e disciplinamento da classe trabalhadora. Como a "democracia" conservou intacta a estrutura repressiva dos militares, a polícia continua impune.

O Estado garante, no máximo, algum período de cela para os policiais e a infinidade do caixão para a juventude. Por isso não podemos confiar na justiça burguesa, que prendeu os dois policiais no dia seis de agosto até a poeira baixar. Exigimos que todos os policiais envolvidos nos assassinatos sejam punidos e que cesse a repressão aos trabalhadores.

Alexandre Costa
Professor da rede pública

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