quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Que xs negrxs entrem nas Universidades pelas salas de aula e pelos currículos!

Mais uma vez a universidade de São Paulo mostra seu racismo institucional ao manter fora do currículo da Faculdade de Educação uma matéria que discuta sobre a questão negra, negligenciando as leis de diretrizes e bases. Essa mesma universidade que se recusa a implementar cotas raciais, que tenta derrubar o núcleo de consciência negra e que se nega a construir uma casa de cultura negra no país mais negro fora da África.
A mudança na LDB a partir das leis federais 10.639/03 e 11.645/08 prevê a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Africana e indígena nas escolas e para isso prevê também que nas faculdades é preciso um ajuste nos currículos para formarem professores que possam implementar essa lei nas escolas, assim como especialização para os professores que já estão nas redes.
Depois da pressão de estudantes da Faculdade de Educação, em maio de 2013 uma resolução da Comissão de Graduação (CG) previu tal cumprimento para o primeiro semestre de 2014 como optativa, o que já mostra como os professores responsáveis pela graduação no centro de formação de todos os professores da USP encaram a questão negra dentro do processo de formação de professores. Mas os estudantes no final do ano se depararam com a o fato de tal disciplina não constar nem como optativa na grade horária do primeiro semestre de 2014.
Na faculdade mais “democrática” da USP, percebemos o quanto escolher nossos diretores e reitores se torna insuficiente, se a comunidade FEUSP pode escolher a professora Lisete como diretora de sua unidade, os alunos e trabalhadores continuam tendo uma ínfima participação nos colegiados, como é o caso da comissão de graduação. Quando é preciso discutir como proporcionar aos futuros professores matérias que discutam sobre a cultura e a história dos negros, a burocracia acadêmica usa de seu peso nos colegiados para se impor.
Uma mudança como essa na grade curricular do curso de pedagogia da USP não é qualquer coisa, pois abre precedente para que possamos disputar os currículos de outros cursos de nossa universidade, exigindo que todos os discutam sobre a história, arte, literatura, cultura corporal, música e todo o conhecimento do povo negro, assim como em outras universidades do Brasil. Por isso deve ser uma luta de todos e não pode se dar apenar por pressão na burocracia acadêmica por RDs ou abaixo assinados. Reivindicamos esse ato e queremos construir mais mobilizações como essas para que possamos arrancar com nossas forças as mudanças que queremos na educação.
Entretanto, para impor conquistas reais é preciso lutar contra essa estrutura de poder que perpetua o racismo na universidade, por isso levantamos o governo tripartite com maioria estudantil, onde os três setores da universidade possam gerí-la de acordo com o seu peso real. Que possamos reorganizar nossos currículos de acordo com as demandas sociais, dos trabalhadores e do povo negro e não do mercado de trabalho, pois a universidade deve estar a serviço de quem a financia e mais dela precisa, os trabalhadores.
Neste ato, trazemos também a memória dos jovens negros que, estando fora da universidade, sofreram brutalidades por parte da polícia militar, da justiça burguesa e do trabalho precário e que hoje seguem suas vidas aprisionados pela única instituição brasileira que prioriza a entrada de negros: o sistema carcerário. Por isso, estamos aqui também em protesto ao espetáculo racista ocorrido no Shopping Vitória e exigimos a punição de todos os policiais e civis que praticaram ou incitaram violência racista.


* PELA IMEDIATA IMPLEMENTAÇÃO DE DISCIPLINAS SOBRE A CULTURA, HISTÓRIA E REALIDADE DOS NEGROS NO BRASIL EM CARÁTER OBRIGATÓRIO!
* COTAS PROPORCIONAIS JÁ! PELO FIM DO VESTIBULAR!
* POR UMA CASA DE CULTURA NEGRA NA USP!
* PELA NÃO DERRUBADA DO NÚCLEO DE CONSCIÊNCIA NEGRA!

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