terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Nota da Juventude às Ruas sobre a "consulta" para reitor na USP

"Os progressos da USP nos últimos anos são incontestáveis e essa trajetória de sucesso tem de ser mantida a qualquer custo."

"Valorização da graduação com Implantação do ensino online, com padrões pedagógicos adequados e investimento em base computacional de alto desempenho, Cloud, com softwares dotados de inteligência artificial. Objetivo é formar estudantes com as habilidades exigidas pela revolução digital."

"Desta forma, o ponto mais significativo da reforma do poder é mudar a maneira como são tomadas as decisões, fazendo com que o Conselho Universitário, as Congregações e os Conselhos Centrais tenham uma participação mais relevante na vida da Universidade"

"Há melhores caminhos para inclusão social do que o estabelecimento de cotas. A política da USP está na direção certa ao valorizar o mérito acadêmico e estimular por meio de bônus diferenciados, pela busca de talentos, pela melhor divulgação de informações sobre o vestibular e preparação dos alunos de ensino médio."

As afirmações acima vieram de diferentes candidatos à reitoria. Dentre os candidatos, não há um que não seja favorável terceirização, que explora e oprime milhares de trabalhadores todos os dias dentro da Universidade. Nenhum favorável a qualquer medida de inclusão social que não legitime a lógica meritocrática. Nenhum se posicionou, durante o período de greve, para dialogar com os manifestantes e pensar numa solução conjunta. Nenhum se posiciona claramente sobre a PM dentro do Campus, que teve sua entrada permitida com a finalidade única de reprimir estudantes e trabalhadores.
A falta de bons candidatos não é apenas um acaso infeliz, que pode ser corrigido no próximo período. O fato de ser uma parcela extremamente restrita da comunidade a decidir o próximo reitor, faz com que as políticas propostas para o exercício do poder sejam voltadas precisamente ao interesse desta mesma parcela. A própria consulta à comunidade acadêmica se apresenta como indiferente, bastando apenas lembrar que na consulta à FFLCH, os consultados escolheram o candidato que nos votos válidos fora derrotado.

A Juventude às Ruas chama um boicote a essa consulta e a essa eleição. Chamamos toda a comunidade acadêmica, a todos os Centros Acadêmicos, ao DCE e à ADUSP a participarem deste boicote. Não existe a possibilidade de uma gestão verdadeiramente democrática através da reitoria e do concelho universitário, é preciso dissolver estas estruturas burocraticas, e assim possibilitar que todos os estudantes, funcionários e professores participem democraticamente da escolha de nossos representantes. A representatividade, hoje, como se dá, transforma estas eleições em uma fraude. Participar dela é compactuar dessa fraude, não bastando a fraude da própria consulta à comunidade sem caráter decisório.

Estivemos em um período de greve e intensas mobilizações por democracia, com eixo em uma Estatuinte Livre, Soberana e Democrática, por um Governo Tripartite composto democraticamente por estudantes, funcionários e professores. Estivemos lutando por uma série de demandas mínimas, sobre as quais todos os candidatos são contrários. Eles não estão dispostos a ceder e, seja quem for o vencedor, elas precisarão ser arrancadas, o que só será possível a partir de mobilizações massivas ao lado dos trabalhadores, os mais afetados pela política nefasta de desmonte do serviço público e submissão ao capital das grandes corporações.

Para nós, a democracia na USP e em qualquer universidade não se dará apenas modificando sua estrutura de poder. É necessário que a universidade se coloque a serviço das demandas dos trabalhadores e do povo pobre, e para isto lutamos pela democratização radical do acesso, através da implementação imediata de cotas proporcionais para negros e com uma luta pelo fim do vestibular e estatização de todo o sistema privado de ensino. É necessário reformular todos os currículos colocando o conhecimento produzido nas universidades a serviço da população que financia a universidade com seus impostos. Na USP, por exemplo, faculdades como a Poli e FAU deveriam se colocar a serviço de pensar um plano de moradias para os moradores da São Remo, ao invés de abrigar em seu campus cursos para a formação de policiais. Só assim a universidade será verdadeiramente democrática!

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