quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Nos organizemos para lutar contra o racismo no Shopping Vitória!


Durante toda a história de nosso país, a cultura, a religião e todo tipo de manifestação cultural do povo negro foi sempre criminalizada pela classe dominante. O candomblé, a capoeira, o samba foram alvos da repressão institucional. Hoje em dia, não é diferente: Desta vez são os bailes funk em cada periferia que são perseguidos, proibidos, criminalizados e impedidos de ocorrer pela força policial. No dia 30 de novembro, no Pier ao lado do Shpping Vitória, foi isto o que aconteceu, quando a polícia entrou para acabar com o baile funk utilizando como pretexto uma falsificação de que haveria ali “brigas entre grupos.”

A juventude negra conhece bem a atuação da polícia no seu cotidiano: não chegam para perguntar, ajudar, entender; chegam para reprimir, prender, matar, torturar. E por isso, logo os jovens correram para o interior do Shopping Vitória para tentar se proteger da polícia. Neste momento, foi seu segundo crime: invadir um espaço da “Casa Grande” onde os pretos e pobres não podem entrar se não para servir. Os autênticos freqüentadores do shopping, a burguesia branca, não perderam tempo para se defender das dezenas de jovens negros, que a seu ver só poderiam estar ali para promover um arrastão nas lojas, e chamaram imediatamente a polícia.

O que se viu em seguida é um “espetáculo” que só pode ocorrer em uma sociedade profundamente racista fundada em 400 anos de escravidão, tal como a nossa: sob aplausos dos apavorados freqüentadores brancos do shopping, a polícia rendeu todos os jovens negros que acabava de expulsar do Píer, colocando-os sentados tal qual as cenas que assistimos nas rebeliões nos presídios, com a cabeça baixa, sem camisa, mãos cruzadas sob a nuca. Conduzidos em fila indiana para fora do Shopping, enquanto a multidão vai ao delírio: seus capitães-do-mato cumpriram a missão, removeram aqueles negros perigosos dali. Negros no Shopping Vitória? Só de uniforme, do outro lado do balcão ou limpando os banheiros. O secretário de Segurança Pública do Estado, André Garcia, mostra como não há nada de incomum no racismo, e afirmou: “Havia um tumulto e algumas pessoas relataram furtos na praça de alimentação. A polícia agiu corretamente. A intenção era identificar quem invadiu o shopping”.

É neste país que foi forjada a hipócrita teoria da democracia racial, que diz que não há mais racismo, que há uma “harmônica” integração entre as raças constituindo o povo brasileiro. Para a classe dominante, enquanto sua polícia mata e tortura os negros nas periferias e favelas, convém dizer que não há racismo. Mas os negros não se calarão: em Vitória já organizam sua resposta com o “grande baile funk no Shopping Vitória”. Precisamos em cada canto do país dar uma resposta e punir cada responsável por esta ação!

Pela imediata punição dos responsáveis por agressão!
Pela punição dos cometedores do crime de racismo, sejam policiais ou civis que aplaudiram a agressão!
Pela imediata libertação de todos os jovens apreendidos na ação e pela indenização pelos crimes de racismo e danos morais!
Pelo fim da polícia assassina de negros, herdeira dos capitões do mato e da ditadura militar!

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