Por Pão e Rosas e Juventude às Ruas
Recentemente veio a público o caso de Thamiris, estudante da Letras USP que escreveu um texto
relatando como, após decidir terminar seu relacionamento com Kristian
Krastanov, passou a ser perseguida por este de diversas formas, a ser
constantemente ameaçada de morte e, finalmente, ter fotos nuas suas divulgadas
na internet.
O caso de Thamiris, infelizmente, não é uma
exceção. Ela teve a coragem de vir a público expor seu caso, mas muitas mulheres sofrem com este
tipo de agressão constantemente sem receber nenhum tipo de ajuda. Quando
recorrem ao Estado, este lava suas mãos, como vimos em muitos casos em que mulheres fazem queixas e mesmo
assim não recebem nenhum tipo de ajuda e, pelo contrário, são acusadas de
provocarem a situação de violência. Recentemente, temos visto diversos casos de mulheres que tiveram fotos suas
expostas na internet por ex-namorados, levando até mesmo a que jovens
cometessem suicídio, como no caso da jovem Júlia Rebeca, de apenas 17 anos, ou o caso de outra jovem no Rio Grande do Sul, com
a mesma idade, entre tantos outros.
Tais
práticas, que visam subjugar as mulheres, não serão aceitas de forma alguma!
Não aceitaremos também os discursos que procuram culpar as mulheres pelas
agressões que sofrem, como se as tivessem provocado! O que causa este tipo de
agressão é uma sociedade machista e patriarcal, em que a ideologia que procura
manter as mulheres oprimidas é reproduzida por cada instituição social com o
objetivo de manter e aprofundar a exploração. A falsa moralidade burguesa
coloca que estas mulheres devem ser condenadas por seu comportamento
supostamente “imoral” de fazerem fotos nuas ou vídeos com seus companheiros. É
absolutamente hipócrita este discurso de uma classe que, ao mesmo tempo que
condena a livre expressão sexual das mulheres, transforma o sexo feminino em
uma mercadoria a ser comercializado de todas as formas possíveis.
O
fato dessas mulheres terem publicadas suas fotos nuas na internet sem
autorização, já escancara o lado perverso do machismo: utilização e exposição
do corpo da mulher para finalidades particulares. Assim como abusam dos corpos
das trabalhadoras terceirizadas, precarizadas, através do massacre da dupla
jornada e pela falta de direitos básicos como saúde, alimentação, etc. Ou,
como, as mulheres mortas vítimas de aborto clandestino, as vítimas do “revenge
porn” (pornô de vingança), são duplamente agredidas, não só por terem seus
corpos expostos, mas por se tratar de mulheres, todo o peso moral do
patriarcalismo, que necessita da exploração das mulheres para manter o regime
baseado em classes sociais – necessitando do trabalho feminino sem remuneração,
domésticos e/ou reprodutivo – recai sobre elas, tornando objeto de desejo,
fetiche, assédio para os homens, naturalizando a violência e a humilhação a
qual são submetidas diariamente pela indústria de cosméticos, cultural, pela
polícia, por seus companheiros, etc.
Nos
manifestamos em solidariedade a Thamiris e exigimos que Kristian seja expulso
da universidade e punido judicialmente, que a segurança de Thamiris seja
garantida. A reitoria da universidade não pode se omitir diante deste caso. É
fundamental que desde já todos os coletivos feministas, entidades estudantis,
como DCE e CAELL, se coloquem ativamente em solidariedade a Thamiris e qualquer
mulher que sofra qualquer agressão. E que pautemos este debate amplamente na
Universidade, para que outras mulheres possam tornar público qualquer caso de machismo que sofram ou venha a sofrer.
Convoquemos uma assembleia da Letras para discutir como apoiar esta companheira
para que ela possa continuar seu curso.
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