terça-feira, 26 de novembro de 2013

Toda solidariedade a Thamiris!

Por Pão e Rosas e Juventude às Ruas

Recentemente veio a público o caso de Thamiris, estudante da Letras USP que escreveu um texto relatando como, após decidir terminar seu relacionamento com Kristian Krastanov, passou a ser perseguida por este de diversas formas, a ser constantemente ameaçada de morte e, finalmente, ter fotos nuas suas divulgadas na internet.
             O caso de Thamiris, infelizmente, não é uma exceção. Ela teve a coragem de vir a público expor seu caso, mas muitas mulheres sofrem com este tipo de agressão constantemente sem receber nenhum tipo de ajuda. Quando recorrem ao Estado, este lava suas mãos, como vimos em muitos casos em que mulheres fazem queixas e mesmo assim não recebem nenhum tipo de ajuda e, pelo contrário, são acusadas de provocarem a situação de violência. Recentemente, temos visto diversos casos de mulheres que tiveram fotos suas expostas na internet por ex-namorados, levando até mesmo a que jovens cometessem suicídio, como no caso da jovem Júlia Rebeca, de apenas 17 anos, ou o caso de outra jovem no Rio Grande do Sul, com a mesma idade, entre tantos outros.
            Tais práticas, que visam subjugar as mulheres, não serão aceitas de forma alguma! Não aceitaremos também os discursos que procuram culpar as mulheres pelas agressões que sofrem, como se as tivessem provocado! O que causa este tipo de agressão é uma sociedade machista e patriarcal, em que a ideologia que procura manter as mulheres oprimidas é reproduzida por cada instituição social com o objetivo de manter e aprofundar a exploração. A falsa moralidade burguesa coloca que estas mulheres devem ser condenadas por seu comportamento supostamente “imoral” de fazerem fotos nuas ou vídeos com seus companheiros. É absolutamente hipócrita este discurso de uma classe que, ao mesmo tempo que condena a livre expressão sexual das mulheres, transforma o sexo feminino em uma mercadoria a ser comercializado de todas as formas possíveis.
            O fato dessas mulheres terem publicadas suas fotos nuas na internet sem autorização, já escancara o lado perverso do machismo: utilização e exposição do corpo da mulher para finalidades particulares. Assim como abusam dos corpos das trabalhadoras terceirizadas, precarizadas, através do massacre da dupla jornada e pela falta de direitos básicos como saúde, alimentação, etc. Ou, como, as mulheres mortas vítimas de aborto clandestino, as vítimas do “revenge porn” (pornô de vingança), são duplamente agredidas, não só por terem seus corpos expostos, mas por se tratar de mulheres, todo o peso moral do patriarcalismo, que necessita da exploração das mulheres para manter o regime baseado em classes sociais – necessitando do trabalho feminino sem remuneração, domésticos e/ou reprodutivo – recai sobre elas, tornando objeto de desejo, fetiche, assédio para os homens, naturalizando a violência e a humilhação a qual são submetidas diariamente pela indústria de cosméticos, cultural, pela polícia, por seus companheiros, etc.
            Nos manifestamos em solidariedade a Thamiris e exigimos que Kristian seja expulso da universidade e punido judicialmente, que a segurança de Thamiris seja garantida. A reitoria da universidade não pode se omitir diante deste caso. É fundamental que desde já todos os coletivos feministas, entidades estudantis, como DCE e CAELL, se coloquem ativamente em solidariedade a Thamiris e qualquer mulher que sofra qualquer agressão. E que pautemos este debate amplamente na Universidade, para que outras mulheres possam tornar público qualquer caso de machismo que sofram ou venha a sofrer. Convoquemos uma assembleia da Letras para discutir como apoiar esta companheira para que ela possa continuar seu curso.


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