sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Na Letras, o noturno se expressa elegendo delegados da chapa 1! Fortalecer o comando de greve!

Por Pardal, delegado eleito ao Comando de Greve e estudante do mestrado na Letras.

Na última assembleia da Letras a polarização que existe hoje no curso se expressou no contraste entre as votações do matutino e do noturno. Na manhã, a continuidade da greve foi derrotada por uma votação com 199 pelo fim da greve e 117 por sua manutenção. Também se votou contrariamente ao piquete. Na votação dos delegados esta polarização também se expressou: na manhã, apenas duas chapas concorreram - a chapa 1 (Juventude às Ruas e independentes) e a chapa 2 (gestão do DCE). Os estudantes que estavam contra a greve, não tendo organizado nenhuma chapa própria, acabaram expressando-se na eleição ao votar na chapa mais "moderada" do DCE, e o resultado da votação (com a assembleia já esvaziada como explicaremos mais a frente) foi de 46 para a chapa 2 e 17 para a chapa 1 (13 delegados para a chapa 2 e 5 para a chapa 1). Já no noturno, que votou massivamente pela continuidade da greve (88 pelo fim da greve e 340 por sua manutenção), o resultado da votação para os delegados foi muito distinto. Com cinco chapas concorrendo (chapa 1 e 2 conforme a manhã, chapa 3 de independentes, chapa 4 com MNN e independentes e chapa 5 com POR e Coletivo Tiê-Sangue), a chapa mais votada foi a chapa 1, com 55 votos (8 delegados), ficando em segundo lugar empatados a chapa 1 e a 3, com 40 votos cada uma.

Nós da Juventude às Ruas em conjunto com os estudantes independentes que compõem conosco a chapa 1 para delegados ao comando de greve, viemos dando uma luta política para que a partir da assembleia da Letras possamos dar um exemplo de como deve atuar o comando, ligado organicamente às bases, com um balanço em cada assembleia de sua atuação e de como se posicionou cada delegado. Somente assim pode-se revogar e eleger novos delegados que expressem de fato a vontade dos estudantes nas assembleias de base, tornando o comando um organismo de direção da greve que seja democrático e capaz de levar as posições das assembleias à frente. Em nossa visão as assembleias gerais são espaços que se tornam cada vez menos democráticos e mais impotentes para expressar a vontade dos estudantes, o que se expressa em seu maior esvaziamento, no método absurdo de "sorteio" para falas, nos encaminhamentos atravancados que muitas vezes não são compreendidos plenamente pelo plenário, etc. Assim, reivindicamos o exemplo da greve da UNAM (Universidade Autônoma do México), que em sua heroica greve no ano de 1999 constituiu um fortíssimo comando de greve que dirigiu a mobilização, suprimindo assembleias gerais que não poderiam cumprir mais nenhum papel democrático ou dirigente neste conflito. As assembleias de curso que dirigiam a greve, expressando suas posições no comando de greve geral a partir de seus delegados. Na USP, o comando de greve ainda não funciona suficientemente bem para que possamos propor a supressão das assembleias gerais (que já não cumprem o papel que deveriam), mas temos que colocar isto em perspectiva e, para isto, avançar no funcionamento do comando.

Foi neste sentido que, na Letras, demos uma luta para que a eleição de delegados fosse feita sempre por chapas, atrelada a um balanço da atuação dos delegados e realizada em todas as assembleias com base nas discussões políticas de cada uma delas. Na assembleia após a primeira reunião do comando de greve fomos derrotados nesta proposta, pois predominou a visão dos diretores do DCE (PSOL e PSTU) de que se deveria priorizar a votação de calendário do curso, o que inviabilizou a votação dos delegados pois a assembleia se prolongou e se esvaziou. Nossa visão, oposta a esta, era a de que a discussão dos delegados deveria ter prioridade pois expressa as principais questões políticas da greve e, além disso, serve para organizar e dar os rumos do órgão político que irá dirigir todas as nossas atividades. Tendo isto resolvido, as principais questões de calendário poderiam ser votadas e encaminhadas para que o próprio comando - seja do curso, seja o geral - discutissem seus detalhes. O fato de que não re-votamos os delegados na segunda assembleia da Letras fez com que não tivéssemos espaço para o balanço da atuação dos delegados. A chapa 1, para tentar combater esta ausência de debate político, convocou uma reunião aberta de discussão de suas posições, à qual compareceram cerca de trinta estudantes e debateram conosco, o que contribuiu de conjunto para politizar esta parcela, entre os quais alguns hoje estão se organizando em outras chapas para o comando.

Nesta reunião da chapa 1 adiantamos aos companheiros a proposta que apresentaríamos na assembleia geral, de um ato político dos estudantes da USP que fosse ao portão da São Remo e quebrasse uma parte do muro que divide a universidade desta comunidade, mostrando que nossa greve luta para que a universidade se abra e esteja a serviço dos trabalhadores e do povo pobre. Consideramos que seria um ato que poderia dar um novo fôlego a nossa greve e romper os marcos de seu corporativismo.

Na assembleia desta semana, apesar da oposição de uma parte da direção do DCE (desta vez pelo menos o PSTU defendeu que se revotassem os delegados, enquanto o PSOL foi contrário), foram revotados os delegados tanto da manhã quanto da noite. Em nosso tempo de defesa, a chapa 1 fez um balanço de como em todos os momentos a chapa 2 (composta pela gestão do DCE) boicotou toda e qualquer iniciativa para que se concretizasse a unificação com a greve da Unicamp e com outros setores na própria USP. Não cumpriram a resolução da assembleia da Letras de que os delegados fossem à setorial da Adusp da FFLCH levando a proposta de plenária unificada dos três setores, o que nós da chapa 1 fizemos e, com isto, garantimos a realização já de duas plenárias que tem reunido centenas. Além disso, e ainda mais grave, a chapa 2 boicotou as medidas de unificação com a Unicamp: nós da chapa 1 fomos até Campinas participar da assembleia geral dos estudantes da Unicamp e levamos a proposta de uma data concreta para a primeira reunião do comando estadual de mobilização entre USP, Unesp e Unicamp. Propusemos também isto na primeira reunião do comando de greve da USP, e foi aprovado. Contudo, na primeira reunião não compareceu nenhum delegado da chapa 2 e nem nenhum membro do DCE da Unicamp (também dirigido pelo PSOL!), num claro boicote à unificação entre as lutas!

Estes balanços são fundamentais porque no discurso muitas vezes o DCE alardeou a unificação das lutas, mas, vendo como boicotam as medidas concretas para que isto se realize, fica claro como são palavras ao vento. Contudo, este é um balanço de como a nossa greve poderia ter se fortalecido muito num momento anterior: graças às traições do DCE da Unicamp e do sindicato dos professores no Rio (SEPE - dirigido por... PSOL e PSTU!) as greves destes locais acabaram e sua não unificação é um fato já consumado. Para o futuro da mobilização, contudo, colocamos outras discussões na assembleia: sobre as "vitórias" que o DCE vinha cantando sem sequer ter um acordo por escrito com a reitoria e com a posição absurda de que o DCE pague por custos gerados pela ocupação; ou ainda a sinalização que está expressa no comunicado do DCE sobre a terceira reunião de negociação acerca da Estatuinte, em que fica nas entrelinhas que poderiam cantar como "vitória" do movimento a realização de uma Estatuinte pelo próprio CO e a reitoria!
Nos colocamos também como a chapa que defende o ato pela quebra dos muros da São Remo (proposta que foi massivamente rechaçada na manhã e massivamente aprovada no noturno).

Agora, seguimos em luta para fortalecer o comando de greve com base nas assembleias de curso e levar nossa greve à vitória!

Alguns dos membros da Chapa 1 da Letras:

Gui K.

Jessica

Pardal

Nelson, à esquerda
Hugo

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