por Juventude às Ruas Campinas
A Unicamp abruptamente sentiu um
grande chacoalhar do movimento estudantil. Processo esse que veio acompanhado
de grandes mobilizações não só estadualmente como também nacionalmente.
USP e Unicamp com reitorias ocupadas, professores do Rio de Janeiro como
linha de frente de uma grande luta por educação, a volta de atos massivos,
setores operários (como bancários, correios e agora petroleiros) retomando
greves combativas como há muito não se viam em nosso país. Temos grandes
objetivos a conquistar. Perdemos uma oportunidade saindo da ocupação, mas não
podemos deixar que enterrem nossos meios de mobilização, como a greve.
A
imensa maioria dos estudantes da Unicamp que participaram do processo defendem
o aprofundamento da mobilização, independentemente do voto quanto à manutenção
da ocupação da reitoria. Portanto, para os estudantes, a saída da Reitoria nada
tinha a ver com o início da desmobilização das estruturas nos cursos e a
finalização das greves, já que o que a Reitoria oferece como
"garantias" na folha de negociações, aquilo que conseguimos arrancar
com a luta (como o Fora PM), não tem a mesma força sem nossos métodos
históricos de organização e combate. Quando tínhamos uma grande oportunidade de
aplicar derrotas superiores à estrutura de poder em nossas mãos, com
a greve se estendendo e a Reitoria ficando cada vez mais recuada, a atual
gestão do DCE da Unicamp (PSOL/Domínio Público) atuou conscientemente para
jogar um balde de água fria em nossa mobilização. Atuaram com a estreiteza
política de determinar os rumos de nossa mobilização a partir dos calendários
das eleições estudantis, cujo prazo de inscrição de chapa terminou no mesmo
dia da desocupação. Quando podíamos nacionalizar nossa luta, partindo da
unificação com a forte greve da USP, essa corrente cumpriu um papel de
contenção de um processo que avançava por muito mais rompendo uma unidade que
já se gestava no seio das mobilizações.
Grande parte dos
estudantes que ali estavam acreditaram que sair da REItoria garantiria uma
melhor mobilização nas unidades e institutos. Acreditaram que seria possível
manter o nível de mobilização para que inclusive nossas importantes pautas -
que ainda não foram atendidas, como as SINDICÂNCIAS- não fossem aplicadas sobre
os estudantes. A contradição é que passada a ocupação não temos visto o menor
esforço das correntes que atuam no movimento estudantil, incluindo o Coletivo
Pra Fazer Diferente (PSTU e independentes) que está na gestão do CACH, em
empenhar esforços para que as greves se mantivessem e a força de nossa
mobilização se sustentasse após a desocupação. Nem
falar dos setores que fizeram campanha ativa para a eleição de Tadeu no ano
passado, e que no ato de saída da Reitoria, não abriram a boca para falar da
PM, do acesso nem da estrutura repressiva de poder da universidade, mas
dividiram o ato sob o "velho refrão" do "autoritarismo do
movimento estudantil" (o que há de "democrático" no conteúdo
desta "nova metodologia"?).
Agora as coisas se clarificam, discursos inflamados que antes defendiam
a manutenção de nossa mobilização mesmo com uma REItoria desocupada, não se
concretizaram na prática. Enquanto o discurso era de "ir às bases", a gestão do DCE tratou de dividir e
busca acabar com a atual mobilização, iludindo grande parte dos estudantes que
ainda possuíam referência e confiança em sua entidade política.
É
um cinismo advogar pela
"continuidade da mobilização", terminando logo em seguida com todas
as medidas que podem aprofundá-la! Ao contrário dessa concepção que preza
mais o calendário eleitoral que a luta dos estudantes, ao contrário daqueles
que atuam dentro da miséria da possível e se reduzem a pequenos objetivos,
achamos que ainda podemos manter nossa mobilização, fazendo um grande chamado
aos estudantes que lutaram contra a PM e ocuparam a REItoria a se somarem
conosco. Nossas pautas ainda não foram atendidas: a REItoria já afirmou
que irá aplicar as sindicâncias, e mostra como não podemos confiar nas
negociações com nossos inimigos mas sim em nossa mobilização independente, já
que escandalosamente o vice-reitor Álvaro Crosta sai à mídia para provocar o
movimento estudantil, afirmando que “a presença da polícia não está
completamente descartada” e que "não pode impedir sua entrada em um espaço
público". Esta burocracia exige que adormeçamos nossa vigilância,
as entidades não podem continuar nos desarmando frente a isto! Mais do que
isso, a USP ainda nos espera para unificarmos nossas lutas e pautas, já há um
comando de greve estadual aprovado, ainda estudamos sobre a égide de um
estatuto ditatorial! Agora é a hora de mantermos posições, fortalecer a greve
em alguns institutos para reedificarmos uma luta que não pode morrer! A hora é
agora de questionar este projeto de universidade com todos os setores da
educação pública!
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