terça-feira, 27 de agosto de 2013

O que está por traz da promessa de contratação de mais professores da REItoria da Unicamp?

Por: Fernanda T. - Estudante de Ciências Sociais na Unicamp e Militante da Juventude às Ruas

As mobilizações mudaram tudo. Essa frase toma cada vez mais conteúdo cada dia que passa, a cada acontecimento novo. A reitoria da Unicamp soltou recentemente uma nota dizendo que ira recompor o quadro de professores de 1994, quando tinha 2.055 professores, atualmente tem cerca de 1.800. Não é um mero acaso temporal, essa proposta de contratação da reitoria, ter ocorrido logo após as mobilizações de junho, mostra, sim, a força que teve essas mobilizações para desestabilizar o país, e por abaixo toda a antiga passividade e a ideia que “tudo continuará como esta”. Ainda que na aparência a Unicamp esteja “tranquila” essa política da reitoria mostra que na realidade as mobilizações de junho (que foram precedidas, nas estaduais paulistas, por uma mobilização histórica, ainda em curso, das Unesps)  abalaram o CRUESP, não a toa Rodas na USP abre a discussão de “diretas para reitor”, bem como a Unicamp promete contratação de professores, isso porque as reitorias sentiram a necessidade de responder com medidas preventivas as mobilizações, e a possibilidade do movimento estudantil sair como sujeito.
A pauta por mais professores na Unicamp é histórica, vem a tona em todos os processos de lutas. Precisamos de mais professores, porque queremos que a Universidade seja uma organismo vivo de produção de conhecimento, e não uma empresa que atola seus funcionários (professores e pesquisadores) em uma lógica produtivista de geração de patentes. O direito a livre produção de conhecimento, de novas ideias não vem por fora de um quadro docente qualificado que atenda a demanda dos alunos e seja também parte viva desse processo rico de produção de conhecimento. Não como uma fábrica, mas sim retomando a efervescência de reflexões, de uma universidade ligada às necessidades reias da maioria da sociedade.
 A Reitoria sempre negou essa reivindicação, alegando vários argumentos, mas que de fundo esconde que não tem interesse em contratar mais professores, mas sim aprofundar a relação da Universidade com as empresas, como a Microsoft - que tem um laboratório na Unicamp - incentivando áreas produtoras de patentes (a Unicamp só perde para a Petrobras em produção de patentes) enquanto áreas como as Humanas não são prioridade, pressionando estas a lógica da produção de teses e de projetos acadêmicos, o que vai à contramão do conhecimento na área de Humanas, o qual demanda tempo reflexivo, estudo árduo, longo, e claro, experiências reias, para ter grandes ideias. Para ilustrar: Hegel não escreveria a “fenomenologia do espírito” se tivesse uma agencia de fomento, como a PIBIC lhe exigindo rendimento.
O argumento mais usado é financeiro. Em 2009, o reitor dizia que não havia como repassar verbas para os docentes, pois o orçamento da universidade chegaria a 96% com folha de pagamento. O que claramente é uma mentira, ainda mais na Reitoria do super salários, onde o Reitor Tadeu recebeu em 2012 cerca de R$ 338,4, ou mesmo antigo reitor, Fernando Costa que recebeu R$ 399.8 por ano, quando a Unicamp tem um repasse de R$ 1,9 bilhão. Esse dinheiro deveria ser revertido na contratação de mais professores segundo a demanda de cada instituto, e que os critérios fossem definidos pelos próprios alunos, professores e funcionários, em assembleias de curso, onde se discutissem com aqueles que realmente sentem o que cada instituto precisa.
Assim como deveria contratar mais professores, as finanças da Unicamp deveriam ser revertidas em políticas de permanência. Que mais nenhuma casa caia na moradia enquanto o reitor ganha milhões! Com esse dinheiro é possível atender a toda a demanda de moradia, bolsa estudo para todos que precisam, ligado a demanda que cada funcionário administrativo da universidade ganhe o mesmo que todos os outros técnicos administrativos (cerca de 2mil reais), pelo fim de todo o regime universitário que mantém essa casta burocrática e privilegiada no poder.

O IFCH esta agonizando? Ainda...

Na greve de 2007 já se falava da necessidade da contratação de 75 professores, depois na greve de 2009 necessitava-se de 84 e esse numero só foi crescendo, na mesma medida que se intensificou a pressão por pesquisas. Esse projeto da reitoria de contratação de 200 professores (que nada garante ainda que vai ocorrer) mostra o temor da reitoria de que o movimento estudantil lute organizado. As mobilizações nos mostraram que é possível obter conquistas através das lutas, agora devemos ir por mais exigindo a contratação imediata de 84 professores para o IFCH, para além da abertura dos cursos noturnos de história e filosofia com a estrutura necessária garantida, bem como bolsas de estudo integrais para quem precisa; e para que aqueles que trabalham também tenham o direito de estudar.
Conquistar essas contratações através do movimento estudantil organizado seria uma vitória sobre a política da reitoria, já basta de agonia, o IFCH tem um histórico de lutas e de efervescência política, cultural e de combate à reitoria. Resgatar essa história é chave para transformarmos o instituto, bem como superar essas gestões adaptadas e apáticas ao regime universitário, democratizando o CACH, e fazendo dele um instrumento real que atenda as demandas dos estudantes, hoje deve organizar uma LUTA MASSIVA por mais professores no instituto, políticas de permanência avançando no questionamento do atual regime universitário.
Ligar as demandas mais sentidas com uma contestação geral do regime universitário, é chave para colocar o movimento estudantil na ofensiva, saindo organizado em luta, se ligando as pautas que vieram das ruas, como a reivindicação educação pública de qualidade, pois queremos mais professores, mas não só para 5% da juventude que entra na universidade publica, e sim para toda ela, os negros, pobres, trabalhadores, pela real democratização da Universidade acabando com o filtro social do vestibular!


0 comentários:

Postar um comentário