Por: Fernanda T. - Estudante de Ciências Sociais na Unicamp e Militante da Juventude às Ruas
A pauta por mais professores na Unicamp é histórica, vem a tona em todos
os processos de lutas. Precisamos de mais professores, porque queremos que a
Universidade seja uma organismo vivo de produção de conhecimento, e não uma
empresa que atola seus funcionários (professores e pesquisadores) em uma lógica
produtivista de geração de patentes. O direito a livre produção de
conhecimento, de novas ideias não vem por fora de um quadro docente qualificado
que atenda a demanda dos alunos e seja também parte viva desse processo rico de
produção de conhecimento. Não como uma fábrica, mas sim retomando a efervescência
de reflexões, de uma universidade ligada às necessidades reias da maioria da sociedade.
A Reitoria sempre negou essa
reivindicação, alegando vários argumentos, mas que de fundo esconde que não tem
interesse em contratar mais professores, mas sim aprofundar a relação da
Universidade com as empresas, como a Microsoft - que tem um laboratório na
Unicamp - incentivando áreas produtoras de patentes (a Unicamp só perde para a
Petrobras em produção de patentes) enquanto áreas como as Humanas não são
prioridade, pressionando estas a lógica da produção de teses e de projetos
acadêmicos, o que vai à contramão do conhecimento na área de Humanas, o qual
demanda tempo reflexivo, estudo árduo, longo, e claro, experiências reias, para
ter grandes ideias. Para ilustrar: Hegel não escreveria a “fenomenologia do espírito” se tivesse uma
agencia de fomento, como a PIBIC lhe exigindo rendimento.
O argumento mais usado é financeiro. Em 2009, o reitor dizia
que não havia como repassar verbas para os docentes, pois o orçamento da
universidade chegaria a 96% com folha de pagamento. O que claramente é uma mentira,
ainda mais na Reitoria do super salários, onde o Reitor Tadeu recebeu em 2012
cerca de R$ 338,4, ou mesmo antigo reitor, Fernando Costa que recebeu R$ 399.8
por ano, quando a Unicamp tem um repasse de R$ 1,9 bilhão. Esse dinheiro
deveria ser revertido na contratação de mais professores segundo a demanda de
cada instituto, e que os critérios fossem definidos pelos próprios alunos,
professores e funcionários, em assembleias de curso, onde se discutissem com
aqueles que realmente sentem o que cada instituto precisa.
Assim como deveria contratar mais professores, as finanças da Unicamp
deveriam ser revertidas em políticas de permanência. Que mais nenhuma casa caia
na moradia enquanto o reitor ganha milhões! Com esse dinheiro é possível
atender a toda a demanda de moradia, bolsa estudo para todos que precisam,
ligado a demanda que cada funcionário administrativo da universidade ganhe o
mesmo que todos os outros técnicos administrativos (cerca de 2mil reais), pelo
fim de todo o regime universitário que mantém essa casta burocrática e
privilegiada no poder.
O IFCH esta agonizando? Ainda...
Na greve de 2007 já se falava da necessidade da contratação de 75 professores, depois na greve de 2009 necessitava-se de 84 e esse numero só foi crescendo, na mesma medida que se intensificou a pressão por pesquisas. Esse projeto da reitoria de contratação de 200 professores (que nada garante ainda que vai ocorrer) mostra o temor da reitoria de que o movimento estudantil lute organizado. As mobilizações nos mostraram que é possível obter conquistas através das lutas, agora devemos ir por mais exigindo a contratação imediata de 84 professores para o IFCH, para além da abertura dos cursos noturnos de história e filosofia com a estrutura necessária garantida, bem como bolsas de estudo integrais para quem precisa; e para que aqueles que trabalham também tenham o direito de estudar.
Conquistar essas contratações através do movimento estudantil organizado
seria uma vitória sobre a política da reitoria, já basta de agonia, o IFCH tem
um histórico de lutas e de efervescência política, cultural e de combate à
reitoria. Resgatar essa história é chave para transformarmos o instituto, bem
como superar essas gestões adaptadas e apáticas ao regime universitário,
democratizando o CACH, e fazendo dele um instrumento real que atenda as
demandas dos estudantes, hoje deve organizar uma LUTA MASSIVA por mais professores no instituto, políticas de
permanência avançando no questionamento do atual regime universitário.
Ligar as demandas mais sentidas com uma contestação geral do regime universitário,
é chave para colocar o movimento estudantil na ofensiva, saindo organizado em
luta, se ligando as pautas que vieram das ruas, como a reivindicação educação pública de qualidade, pois queremos mais
professores, mas não só para 5% da juventude que entra na universidade publica,
e sim para toda ela, os negros, pobres, trabalhadores, pela real democratização da Universidade acabando com o filtro social do vestibular!
0 comentários:
Postar um comentário