terça-feira, 7 de maio de 2013

Nota em solidariedade aos operários em luta contra as demissões e fechamento de unidade da Mabe Brasil

Por Juventude às Ruas Campinas 

Desde terça-feira, 30 de abril, os trabalhadores da Mabe-Campinas, multinacional mexicana de produtos da “linha branca”  - fogões e geladeiras -, estão acampados em frente a sede central da empresa no distrito industrial de Campinas[1] depois de serem informados que a metalúrgica iria retirar máquinas e equipamentos da unidade. Também no último dia 3, a multinacional decretou pedido de recuperação judicial[2] para as suas operações no Brasil como forma de evitar falência e junto a isso, anuncia o fechamento de sua unidade em Itu[3]com a imediata demissão de 1300 trabalhadores (número ainda não confirmado pela empresa). A patronal “concedeu” férias coletivas e antes dos trabalhadores voltarem queriam tirar o maquinário (ferramentaria) durante a noite para depois diminuírem a produção (reestruturação produtiva, demissão para os operários) ou diretamente fechar as portas como conseguiram fazer em Itu. 
A rápida ação dos trabalhadores junto a seu sindicato na porta da fábrica impediu que os equipamentos fossem retirados da unidade fabril e evitou uma clara tentativa da empresa de impedir que os trabalhadores pudessem voltar ao trabalho, uma demissão disfarçada ao inviabilizar a produção. O fechamento da fábrica da Mabe em Itu é mais um fato que se soma as recentes  demissões da GM  de São José dos Campos e ao fechamento de inúmeras fábricas no país desde o  início da crise econômica mundial em 2008. A Região metropolitana de Campinas é uma região  com grande concentração industrial e de empregos na indústria, não escapa a essa tendência  e vem passando por milhares de demissões todos os anos, mais um exemplo de que o Brasil não é uma ilha em meio à crise econômica e que não reage mesmo com as medidas de desonerações (redução do IPI e incentivo de crédito para compra de eletrodomésticos) para o setor de produção de “linha  branca” anunciadas pelo governo Dilma, medidas que renunciam a arrecadação de impostos em benefício dos interesses dos empresários, numa tentativa até o momento infrutífera de incentivar o consumo e o investimento numa indústria que passa por uma crise e que vem relativamente estagnada desde meados de 2011.  As demissões e os fechamentos são uma forma de preparação dos patrões frente aos efeitos da crise em seus mercados consumidores e no Brasil.
As demissões e fechamentos da Mabe Brasil são uma expressão de uma reação internacional dos patrões no sentido de uma reestruturação das fábricas para realocar a produção a nível mundial numa tentativa de recuperar seus lucros e evitar o inevitável para muitos capitalistas: a bancarrota em meio a uma crise histórica do capital, que vem reduzindo o consumo das famílias e exportações, da Mabe para seu principal mercado, os EUA, mas que também afeta a América Latina de modo que o ônus da crise seja pago pelos trabalhadores, forçando a redução da produção, o corte de custos, via demissões, redução e arrocho nos salários e a imposição de contratos flexíveis (terceirização) que infelizmente, muitas vezes contam com o apoio das centrais sindicais como a CUT. É preciso denunciar o papel que a universidade pública, como a Unicamp, cumpre junto a multinacionais como a Mabe, ao ter a geração de seu conhecimento financiada e voltada aos interesses dos capitalistas para a produção de patentes e inovação, e ao formar os quadros que irão gerir e chefiar essas empresas. Nos colocamos em luta ao lado dos trabalhadores contra esse projeto de universidade privatista, elitista  e racista que exclui o conjunto da população pobre e negra da geração de conhecimento e não atende suas necessidades.
Desde a Juventude às Ruas Campinas, declaramos a mais ampla solidariedade à luta dos metalúrgicos da Mabe de Campinas contra as demissões e o fechamento das fábricas de Itu, Hortolândia e Campinas. Pois as lutas da classe trabalhadora são também do conjunto da juventude, somente a partir de uma aliança estratégica operário-estudantil que será possível uma transformação radical da educação e da universidade para que esta esteja de fato voltada aos interesses da classe trabalhadora e aberta a toda a população e que não sirva, como é hoje, aos interesses dos patrões, das multinacionais. Que os capitalistas paguem por sua crise, que se ataquem os lucros dos capitalistas e não os salários e os empregos dos trabalhadores e trabalhadoras. Nenhuma redução de emprego nas plantas da Mabe! Contra o fechamento das unidades fabris da Mabe, que estas sejam geridas pelos próprios trabalhadores e que as horas de trabalho sejam repartidas para garantir os empregos para todos.




[2] Antiga concordata, recurso para evitar a falência, que a empresa declara junto a justiça, para conseguir postergar o pagamento de suas dívidas que não possui liquidez (dinheiro em caixa) para quitar junto as seus fornecedores, acionistas e/ou trabalhadores. A Mabe (que no Brasil, atua por meio de joint-venture com a General Eletric – GE  dos EUA, dona das marcas de fogões GE, Continental e Dako) anunciou fechamento de unidade de Itu com a justificativa de reestruturação como último recurso para se recuperar de suas dívidas e se manter no país, antes de fechar/vender todas suas 5 unidades (em Campinas, Itu e Hortolândia) e demitir cerca de 4 mil trabalhadores  no Brasil e voltar para o México.
[3] Veja telegrama enviado aos trabalhadores demitidos da Mabe Itu: http://empresascampinas.blogspot.com.br/2013/05/telegrama-enviado-funcionarios-que.html

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