quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Nota de repúdio da “Gestão Salvador Allende” à sindicância contra os alunos da Unesp Franca.

Por meio desta nota, a Gestão “Salvador Allende” do Centro Acadêmico de Relações Internacionais “João Cabral de Melo Neto” manifesta seu repúdio aos processos de sindicância instaurados pela Direção da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais – FHCS, Campus de Franca, no último dia vinte e seis, com a finalidade de apurar responsabilidades decorrentes de comportamentos supostamente irregulares de trinta e um estudantes. 

A supracitada acusação refere-se a manifestações ocorridas no dia 28 de agosto desse ano, por volta das 19h30min, momento em que aconteceu no Campus da Unesp Franca um evento organizado pelo Curso de Introdução à Vida Intelectual (CIVI), no qual fazia parte uma mesa composta pelos convidados Dom Bertrand de Orleans e Bragança e José Carlos Sepúlveda. Vale ressaltar que o grupo organizador do mesmo possui apoio institucional e é coordenado pelo Diretor da casa, Fernando Andrade Fernandes. 

Os convidados mencionados estão envolvidos com organizações, como a União Democrática Ruralista (UDR), fomentadoras de milícias que atacam movimentos de luta pela reforma agrária, ademais são figuras ativas em organizações homofóbicas, machistas e pró autoritarismo como o grupo Tradição, Família e Propriedade (TPF). Os mesmos representam um movimento pela criminalização dos movimentos sociais e defendem um discurso de ódio que não serve aos valores sociais que a Universidade Pública tem dever de promover.

Como já foi manifestado pela Gestão “Alteridade”, antecessora no CARI, reiteramos o apoio às manifestações contrárias ao evento, observando nessas um ato válido de posicionamento do Movimento Estudantil local contra a política de repressão e criminalização dos movimentos sociais praticada pela atual Diretoria. Apesar de acreditarmos que as manifestações poderiam ter ocorrido de maneiras mais construtivas e propensas ao debate e ao questionamento, ainda assim, pensamos que as mesmas não perdem sua validade diante de uma causa legítima: a luta pela dignidade da vida humana, sobretudo, daquela parcela minoritária aos quais os discursos de ódio são dirigidos.

Esse processo abre precedência para perseguição e criminalização de movimentos sociais, ao passo que alunos e grupos de extensão foram claramente atacados, como, por exemplo, o Núcleo Agrário Terra e Raíz (NATRA) e o Grupo de estudos e pesquisa em Alternativas as Relações Internacionais (GARI); Além disso, apresenta critérios duvidosos, uma vez que nas manifestações estavam presentes aproximadamente 200 pessoas e houveram apenas 31 sindicados, dentre os quais alguns que nem mesmo estavam presentes no ato em questão. Ao CIVI, em nenhum momento, foi causado algum tipo de empecilho à realização de eventos ou de cerceamento de suas atividades na faculdade. Entretanto, entendemos que o limite da liberdade de expressão se encontra quando a mesma nega a liberdade de outrem, fazendo com que sua reivindicação, muito mais que necessária, passe a ser um dever social. 

Aliás, essa sindicância é, ao mesmo tempo, esclarecedora e simbólica, pois corporifica a forma, o discurso e os métodos com os quais a atual Diretoria vem lidando contra os estudantes e os movimentos sociais.

Esclarecidos esses pontos, acreditamos na obrigatoriedade de uma ação articulada e incisiva dos movimentos sociais confrontando esta política de repressão. É preciso que ecoe um claro e sonoro “não!”, a omissão é fatal. Manifestamos então apoio total a todos os sindicados e pedimos o endosso de todo estudante, entidade estudantil, grupo de extensão e todo aquele que rechaça essa punição aleatória de nossos estudantes na tentativa de reprimir a voz do povo. 

"Liberdade de expressão que não reconhece o outro como portador dos mesmos direitos é discurso de ódio." - Alexandre Melo Branco Bahia

Gestão Salvador Allende

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