quarta-feira, 28 de novembro de 2012

NÃO NOS CALAREMOS JAMAIS: Carta Aberta do Diretório Acadêmico contra a abertura de Sindicância aos Alunos da UNESP-Franca

A atual Gestão do Diretório Acadêmico XXI de setembro vem, por meio dessa nota, posicionar seu repúdio a abertura de um processo de Sindicância contra 31 discentes por parte da Direção da Unidade da UNESP-Franca. Esse processo será aberto devido aos acontecimentos do dia 28 de agosto de 2012, ao qual não foi possível a realização de uma palestra organizada pelo CIVI (Curso de Iniciação à Vida Intelectual) que contaria com a presença de Dom Bertrand de Orleans e Bragança (membro da União Democrática Ruralista) e José Carlos Sepúlveda (membro da Tradição, Família e Propriedade).

Temos plena convicção que, em primeiro lugar, a vinda de palestrantes dessa natureza é um ato que vai contra os princípios de Democracia e Pluralidade que devem reger uma Universidade, pois esses indivíduos chamados pelo CIVI – grupo ao qual é orientado pelo atual diretor da UNESP-Franca, Fernando de Andrade Fernandes – são expoentes de um discurso claramente racista e homofóbico. 

Qualquer sociedade que se julgue minimamente democrática não pode aceitar jamais a proliferação de um discurso de ódio contra um grupo social. No entanto, apologistas dessas figuras se apoiam num falso discurso de Liberdade de expressão, argumento que se mostra sem substância, uma vez que a expressão livre não pode, de maneira alguma, ferir a dignidade ou incitar o ódio sobre um indivíduo ou grupo social. Além do Racismo e Homofobia, o discurso desses dois palestrantes fazem a defesa do extermínio de membros do movimento sem-terra e quilombolas, defesa do trabalho escravo em propriedades rurais (D. Bertrand é um dos maiores opositores à PEC do Trabalho Escravo). Ademais, devemos lembrar que a TFP (organização ao qual Sepúlveda faz parte) deu bastante sustentação a implementação do Golpe Militar de 1964.

Portanto, esses palestrantes representam vários valores que vão contra os valores Democráticos e da Liberdade Individual. Por isso, nós da atual Gestão do Diretório Acadêmico XXI de Setembro, não relutamos em momento algum a participar na organização do ato “Contra a Criminalização dos Movimentos Sociais”. Lembramos que a natureza desse era polarizar o debate contra o discurso de ódio proferido pelos palestrantes do evento do CIVI e colocarmos como as organizações que esses fazem parte (UDR e TFP), se organizam ativamente para criminalizar os Movimentos Sociais no Brasil afora. No entanto, a passagem dos palestrantes bem próximo ao local que ocorria o ato, acirrou ainda mais os nervos dos participantes desse, o que fez vários deles subirem, numa reação espontânea  ao Anfiteatro II (local ao qual ocorria a Palestra).

Entendemos que não há motivo algum para abrir sindicância contra os alunos que participaram do ato e a abertura dessa processo mostra, inclusive, como a direção da UNESP-Franca também Criminaliza um Movimento Social importante (o Movimento Estudantil). Apoiamos a luta de todos aqueles que não possuem seus direitos assegurados pela sociedade. Por isso apoiamos, e que vai contra os princípios Dom Bertrand de Orleans e Bragança e José Carlos Sepúlveda, as lutas do Movimento LGBT, Negro, Sem-terra, Quilombola, mais todos aqueles que querem fazer do Brasil um país mais justo e tolerante.
Ademais, só temos a lamentar que a Direção da UNESP-Franca acolheu palestrantes dessa natureza com todas as honrarias acadêmicas possíveis, fazendo questão de divulgar o evento até mesmo no site da Reitoria da UNESP.

Diretório Acadêmico XXI de Setembro
Gestão Rompendo Amarras

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