terça-feira, 9 de outubro de 2012

Um importante passo na formação de uma Juventude Revolucionária no Brasil


Por Daniel Bocalini, militante da juventude da LER-QI
 
Diante de um cenário de maior contágio no Brasil da crise econômica mundial, do giro à direita do governo Dilma e em meio ao aprofundamento dos fenômenos da luta de classes internacional, aconteceu no último sábado, 29 de setembro, o encontro aberto da Juventude às Ruas, agrupação impulsionada pela LER-QI junto a jovens independentes, que reuniu mais de 200 jovens trabalhadores e estudantes, universitários e secundaristas, para discutir sobre que bases impulsionar uma juventude revolucionária de centenas frente à nova situação nacional.

A mesa de abertura foi sem dúvida o ponto alto do encontro. Foi composta por jovens trabalhadores do metrô de São Paulo, dos Correios, bancários, professores e da USP que estão na linha de frente de importantes processos de mobilização em suas categorias. Dois delegados sindicais dos Correios e uma companheira bancária, também delegada sindical, relataram as péssimas condições de trabalho as quais são submetidos os trabalhadores nessas categorias e fizeram um balanço das greves que ambas impulsionaram poucos dias antes do encontro. No balanço, ressaltaram a necessidade de lutar contra a burocracia sindical ligada ao PT e ao PCdoB que mais uma vez traiu os trabalhadores ao impor o fim da greve contra a vontade da base das categorias através de fraudes e diversas manobras. Também falaram sobre a importância e a diferença que fazem as ações de solidariedade impulsionadas pela Juventude às Ruas e o papel decisivo que pode ter essa aliança para recuperar os sindicatos das mãos da burocracia e para se enfrentar com os interesses dos governos e dos patrões.

Ainda na mesa de abertura, outro momento de destaque foi a intervenção de um trabalhador quarterizado (terceirizado da empresa terceirizada) da construção civil de uma obra de expansão do metrô de São Paulo. O companheiro relatou a luta que esses trabalhadores levam adiante nesse momento contra o ataque da empresa que ameaça fechar demitindo todos os trabalhadores e sem pagar dois meses de salários atrasados e os direitos trabalhistas. Falou da motivação que sentia participando de um evento com tantos jovens e pediu solidariedade a ocupação da sede da empresa que estão promovendo para que não retirem as máquinas até que recebam o que lhes é devido. Em resposta, entre as resoluções do encontro aprovamos que nos somaremos aos atos dos trabalhadores terceirizados e arrecadaremos recursos para seu fundo de greve.

Encerrando a mesa, Pablito, diretor do SINTUSP e militante da LER-QI, destacou como os processos que se abriram a nível internacional em consequência do aprofundamento da crise colocam de novo a classe operária como sujeito histórico na luta contra a miséria capitalista. Ao mesmo tempo lembrou que frente a divisão imposta pela burguesia é urgente termos uma estratégia que ligue a atuação nos sindicatos e nos conflitos particulares com a unificação das fileiras da classe, mas também que os trabalhadores se aliem ao conjunto dos setores oprimidos e à juventude, lembrando do papel que essa aliança já desempenhou em outros momentos históricos, como em 1968, ou o papel que cumpriram importantes revolucionários como Lenin e Trotsky ao se ligarem organicamente com a classe operária ainda em sua juventude.

Em seguida, formou-se outra mesa com representantes das localidades onde a Juventude às Ruas vêm se construindo de maneira mais dinâmica e que contou também com a presença internacionalista de Zonyko, rapper chileno militante do PTR do Chile. Desde aí se expressou o balanço da greve de mais de três meses das universidades federais que, em meio ao desafio que representou à Dilma a greve dos servidores federais, levantou um importante manifestação de insatisfação com o projeto de educação neoliberal que vem levando o PT, ainda que a greve não tenha avançado mais pelo papel que cumpriram as direções centristas do PSOL e do PSTU ao descolar a luta em defesa das universidades públicas da luta pelo fim do vestibular e da estatização do ensino privado.

Zonyko marcou o caráter internacionalista da juventude compartilhando como as lições da luta dos estudantes chilenos por educação gratuita foram fundamentais para que ele próprio avançasse para enxergar a necessidade de construir um partido revolucionário, superando as experiências anteriores com coletivos de Hip hop populistas.

Durante todas as intervenções desde as mesas e depois também direto da plenária, ficou expresso o debate que viemos fazendo desde as reuniões de preparação para o encontro da necessidade de construirmos uma juventude marxista revolucionária, que se alie a classe trabalhadora desde a perspectiva da revolução e em combate com as concepções reformistas e autonomistas, que já mostraram no Chile e na Espanha a incapacidade de responder aos desafios que estão colocados. Nos colocamos também pela necessidade dos trabalhadores terem seus próprios instrumentos de luta e organização política independentes da burguesia. Além do apoio aos trabalhadores terceirizados do Mêtro de São Paulo, votamos no encontro impulsionarmos uma ampla campanha contra a repressão a nível nacional e, imediatamente, pelo fim dos processos contra estudantes e trabalhadores da USP perseguidos por lutar contra a PM, contra a privatização da universidade e por defender os interesses dos terceirizados. Discutimos também a necessidade de ligarmos a campanha contra a repressão ao combate à violência policial que mata todos os anos milhares de jovens negros nas periferias de todo país e que é herdeira da transição pactuada da ditadura militar que anistiou torturadores e assassinos.


Num cenário de adaptação das correntes centristas a conjuntura nacional em que a ascensão de Dilma ao poder significou abrir mão da defesa dos direitos das mulheres em nome da aliança do PT com os setores mais reacionários da igreja, e aproveitando a ocasião do dia latino-americano e caribenho pela legalização do aborto, também deliberamos por impulsionar desde a juventude uma campanha pelo direito ao aborto livre, seguro e gratuito como parte de uma estratégia que ligue o combate as opressões a necessidade da expropriação da burguesia e o fim do capitalismo através da aliança entre a classe trabalhadora e o conjunto dos setores oprimidos. Saímos do encontro com a tarefa de construir uma juventude de centenas, para isso, iremos elaborar um manifesto para trabalharmos massivamente e nos colocaremos a tarefa de organizar plenárias regionais que já reúnam novos companheiros. Nos tensionaremos para que nossas ideias cheguem a milhares de jovens trabalhadores e estudantes que começam a se politizar ao questionarem e se revoltarem contra a perspectiva de futuro que o capitalismo os pode oferecer!

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