Juventude às Ruas!

Fim do massacre ao povo palestino! Fim dos ataques do Estado de Israel à Faixa de Gaza! Palestina LIVRE!!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A Juventude Às Ruas de Campinas se prepara para o encontro do dia 29 ao lado dos trabalhadores em luta!

A Juventude Às Ruas de Campinas tem orgulho em comunicar que, nesta quarta-feira, dia 26, iniciamos a nossa preparação para o encontro do dia 29 concretizando um dos eixos centrais de nosso grupo, assim como do próprio encontro, a aliança operário-estudantil. Mobilizamos nossas forças para prestar solidariedade aos trabalhadores ecetistas, bancários, metalúrgicos e petroleiros em um ato unificado das categorias em luta, seguido por uma reunião de preparação que contou com a presença de dois trabalhadores dos correios para debater conosco a atual situação da greve em Campinas.



O ato contou com trabalhadores das quatro categorias, somando em torno de 200 pessoas. Uma vez cientes do ato, conseguimos mobilizar estudantes da Unicamp para participar conosco, no intuito de cercar de solidariedade estes trabalhadores, levando faixas, panfletos e nossa própria voz.
Estes trabalhadores vivem hoje uma greve em um cenário muito difícil, lutando não só pelo aumento salarial, mas também pela defesa de seus direitos, que hoje é ameaçado pelo governo Dilma, e contra a dura intransigência dos patrões. O período de eleições apenas complica a situação, fazendo com que as centrais sindicais governistas façam de tudo para acabar com a greve o mais rápido possível, mas entrando em contradição com o poder desses setores chave da classe trabalhadora, que, mesmo tendo suas greves dirigida pelos órgão de intervenção do Estado no movimento operário - a burocracia sindical, principalmente da CUT - obrigam as empresas a responderem imediatamente e, com isso, revelar aos trabalhadores seu papel como centro nevrálgico da economia.  No caso dos trabalhadores dos correios, a situação ainda se agrava com a repressão à greve do ano passado, quando tiveram seus pontos cortados, dificultando a mobilização deste ano. Ainda assim estes trabalhadores corajosamente deflagraram sua greve, dispostos a se enfrentar contra a linha dura do governo e as represálias da patronal.

Após o ato fizemos nossa reunião de preparação com os trabalhadores dos correios, que deram o informe de sua mobilização e nos ajudaram a pensar os desafios do conflito e como cercá-los de solidariedade desde a juventude. Debatemos também a importância desta aliança, entre trabalhadores e estudantes, em meio a crise capitalista que cobre o mundo, fazendo ferver os países europeus, e que vem se consolidando no Brasil, com um claro giro à direita do governo Dilma, seguindo as orientações dos grandes países imperialistas, quando a jurisdição começa a debater a reforma do conjunto de leis trabalhistas, que devem "oscilar de acordo com a situação econômica" dos patrões. Inspirados pela exemplar luta da juventude internacional, como a chilena, que da dura batalha pela educação gratuita para todos atinge o combate contra os pilares do regime neoliberal chileno, temos consciência da necessidade de discutir os fundamentos estratégicos de construção de uma Juventude genuinamente preparada para encarar o horizonte de uma situação nacional, e internacional, que tem seu equilíbrio instável em processo de quebra histórica. Dispomos nossas ideias, nossos corpos e espíritos a estar ao lado da classe operária, a única capaz de subverter nossa sociedade mesmo nas lutas por questões democráticas mais elementares que nos tocam a todos, lutando contra o capitalismo, rumo a um futuro sem exploração e opressão!

Agradecemos profundamente a presença dos companheiros ecetistas em nossa reunião, ajudando a nos preparar para as duras batalhas que virão! Viva a luta dos trabalhadores ecetista, bancários, petroleiros e metalúrgicos!  Total solidariedade e unificação dos setores em luta! Viva a aliança operário-estudantil!
Juventude Às Ruas
26/09/2012

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Participe da Plenária da Juventude Às Ruas!

Por Danilo Magrão, militante da Juventude Às Ruas

Todos aqueles que cotidianamente se revoltam contra os absurdos de nossa sociedade vêm assistindo entusiasmados belíssimas demonstrações de luta e revolta por todo o mundo. Em todos os continentes o anseio por transformações se fez sentir: foi assim na América, em especial nos Estados Unidos, Chile, México, Canadá; foi assim em toda a Europa, com protagonismo de Espanha, Grécia e França; foi assim na chamada Primavera Árabe e ainda em diversos outros países em que vimos mobilizações que deram um grito de basta contra todas as formas de opressão e exploração que o capitalismo nos impõe.

O cenário de fundo desses processos possui uma magnitude histórica, que impõe desafios audaciosos a todo jovem que busca se libertar das amarras do capitalismo. Estamos falando justamente da crise econômica mundial que vêm dando fortes chacoalhões por todo o mundo, arrancando a máscara de qualquer governo que se diga democrático e representante dos interesses de todos. Dívidas públicas cada vez maiores, queda dos lucros, demissões, retirada de diretos e aumento de medidas repressivas são a tônica dos tempos que vivemos.

Assistir tudo isso a distância sem sentirmos o calor da revolta que esquenta o mundo já está se transformando em passado. Um panorama atento da situação que vivemos atualmente no Brasil desvenda os olhos daquela velha e empoeirada história de que somos um país de todos, das oportunidades e do futuro. Espelhado no que ocorre pelo mundo podemos prever o que nos espera.

Podemos ver nesses últimos meses uma série de importantes greves, que dentre elas podemos destacar a maior greve dos servidores federais dos últimos anos - inclusive nas universidades federais em que o movimento estudantil voltou aparecer na arena nacional – e os trabalhadores da construção civil radicalizando em seus protestos queimando alojamentos e ônibus contra condições de trabalho semiescravo. Como os governantes e patrões vêm lidando com essas importantes mobilizações? Intransigência em conceder qualquer aumento de salário, demissões massivas como a recém anunciada aos trabalhadores da multinacional GM, corte de salário de grevistas, restrições ao direito de greve, repressão a estudantes e trabalhadores, inclusive se utilizando do exército para isso.

Sintomático também é observar como os estudantes de São Carlos vêm reagindo a isso. Encapando as principais bandeiras que se gestaram em São Paulo, mais de 300 estudantes se reuniram nas últimas semanas para questionar essa onda repressiva e a presença da PM no campus. Na Unesp de Franca também podemos ver uma importante ação do movimento estudantil quando expulsaram de sua universidade aquilo que representa o que existe de mais reacionário em nossa sociedade (veja o box ao lado), agora a diretoria ameaça punir esses estudantes, para que não se repita o exemplo dado pelo movimento estudantil, mais uma investida repressiva na esteira dos últimos acontecimentos que vivenciamos.

A defesa dos processados, expulsos, demitidos e presos se faz urgente em todo país e se soma à necessidade de lutar contra as mortes e violência provocada pela polícia nos bairros de periferias e favelas. Todas essas medidas repressivas são fundamentadas na herança da ditadura militar, não apresentam nenhuma diferença com os métodos inquisitórios daquele período: são os mesmo que acusam, julgam e punem.

Diante dos exemplos citados e combinado com a mobilização dos estudantes nas universidades federais podemos estar frente a um novo momento do movimento estudantil, inclusive nas universidades estaduais paulistas, o que nos coloca tarefas superiores. Como dito acima, as mobilizações e greves de trabalhadores não cessarão, trabalhadores bancários e dos correios já estão em processo de mobilização por salário, assim como lutas que começam em metalúrgicos por todo o país, e já sabemos a resposta que enfrentarão do governo e da patronal. Sabemos que para de fato golpearmos o governo, responsável pela atual situação da educação, e avançarmos em uma luta ferrenha contra as Reitorias será fundamental nos aliarmos àqueles que possuem o mesmo projeto de sociedade que nós, e que também vêm sofrendo com os ataques dos governos, os trabalhadores. Uma aliança operário-estudantil é exatamente o que a burguesia mais teme, pois é justamente a união daqueles que lutam pelo futuro com aqueles que são responsáveis pela criação de todas as riquezas do mundo. Centenas e milhares de jovens que cubram de solidariedade essas lutas que estão porvir, no atual cenário de uma crise econômica histórica, será determinante para avançarmos na construção e um projeto distinto de sociedade.

A juventude chilena, responsável por questionar o regime herdeiro de Pinochet, que sem medo enfrenta corajosamente a escalada repressiva da polícia e do governo através de massivos atos e ocupações de escolas, aprofunda o exemplo que ergueu no ano passado, demonstrando como uma luta por educação gratuita contra uma burguesia incapaz de conceder qualquer avanço, pôde avançar para o questionamento do conjunto do regime, desenvolvendo elementos de auto-organização, que agora precisam se aprofundar, e permitir um salto na luta através de uma aliança profunda com a classe trabalhadora. É fundamental levantar o apoio ativo a esse processo, e buscar extrair lições profundas dela, para poder encarar as lutas com uma perspectiva organicamente internacionalista.

Com esse espírito, convidamos cada jovem a participar, no próximo dia 29, com a presença de Zoniko, militante chileno da Agrupação Combativa Revolucionária, da próxima Plenária da Juventude às Ruas, que impulsionamos junto a dezenas de estudantes e jovens independentes, procurando discutir, a partir desses desafios a tarefa de construir uma juventude revolucionária para que a luta contra a repressão nas universidades possa avançar para uma enorme campanha nacional contra a repressão e para que cada luta dos trabalhadores possa não somente triunfar momentaneamente, mas avançar para o questionamento de toda a miséria capitalista!

LEIA MAIS SOBRE O ENCONTRO: http://juventudeasruas.blogspot.com.br/search/label/Plen%C3%A1ria

Uma juventude em pé de guerra contra o capitalismo!

Há na juventude algo de distinto: ela expressa agudamente todas as contradições, energias e “tensões” que se apresentam numa sociedade dividida em classes. Não à toa é a juventude que, muitas vezes, se mobiliza primeiro e tem um papel muito importante nas lutas: é na juventude que se expressam as energias mais renovadas de gerações que não carregam as derrotas do passado e que se inquietam profundamente com o futuro, bem como é nela que se expressam algumas das piores consequências das misérias deste sistema. Pode-se dizer que a juventude é uma “caixa de ressonância” das tensões sociais de cada época, estando nela a chave para pensar, perceber e, aliada aos trabalhadores, mudar a realidade.

Pela aliança com os trabalhadores para que os capitalistas paguem pela crise!

As gerações que nos antecederam assistiram ao que muitos denominaram como o “fim da história”, “vitória do capitalismo”, o “fim da luta de classes”, ou seja, o que seria a vitória da evolução das sociedades humanas com a estrutura econômica determinada pelo sistema capitalista, e esta é uma das “verdades absolutas” que são vendidas em todas as revistas, salas de aula, jornais e “grandes meios intelectualizados” para desencorajar qualquer ideia de que é preciso e possível a luta por outro mundo. A crise capitalista que explodiu em 2008 revela, no entanto, a verdadeira face do capitalismo, escondida atrás dos discursos democráticos dos governos e da burguesia. Nos últimos meses a crise aprofundou diversas medidas de ataques aos povos do mundo inteiro; do Egito à Espanha, passando pela Grécia, Estados Unidos e América Latina, os limites geográficos entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos se reduziram com a chegada dos pacotes de austeridade, desemprego, crises da previdência, etc. As partes envolvidas nesse jogo da economia mundial ficaram mais evidentes: não se trata de limites físicos, mas de classes sociais. De um lado os capitalistas, que criaram a crise; de outro, a juventude e os trabalhadores, que têm sofrido com as tentativas de lhes impor a duras penas os custos desta crise.
Desde então, a juventude tem se levantado, tomado as ruas em ondas de protesto É essa juventude que reivindicamos como exemplo, aquela que não aceita o “possível” que lhe impõe todos os dias a mídia, o trabalho, a escola ou faculdade, os governantes, a Igreja, em suma, a ideologia dominante.
Não estamos dispostos a pagar os custos da crise para manter um sistema que se firma sobre as costas dos trabalhadores, sobre as opressões contra negros, mulheres, homossexuais e pobres e impõe a decadência, limitação e miséria à grande maioria do povo trabalhador em benefício de uma minoria.
Por defendermos a aliança entre estudantes e trabalhadores, por defendermos o acesso de todos ao ensino, com escolas e universidades públicas, sem vestibular ou provas de acesso (para o que, faz-se necessária estatização das corporações de ensino privadas), por defendermos a liberdade sexual, o fim da opressão às mulheres e o fim do racismo; por defendermos o fim da exploração aos trabalhadores, que oferecem sua força de trabalho em troca de salários miseráveis para que os capitalistas vivam na ostentação; por isso tudo é que não nos resta alternativa a não ser lutar, junto à classe trabalhadora, pelo fim desse sistema político-econômico que é baseado em opressão e exploração. 

Os tempos se aceleram no Brasil

Diante de um período conturbado em todo o mundo, o Brasil parecia estar seguro em sua bolha de crescimento garantido e passividade. Entretanto, a economia começa a se desacelerar, e no último período explodiram greves dos operários da construção civil, denunciando as ingerências das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento); luta contra as ameaças de demissões massivas como no caso dos trabalhadores da multinacional GM; paralizações, greves e ocupações de estudantes, professores e funcionários públicos nas Universidades Federais, expondo a superficial e precária criação de vagas em universidades públicas com fins eleitoreiros. De um lado um sindicalismo governista que não defende seus representados, as necessidades dos trabalhadores; de outro (ou do mesmo!), o Governo Federal, que reprime greves, faz corte de salário de grevistas, restringe o direito de greve, abandona estudantes à precarização, reprime estudantes e trabalhadores (inclusive utilizando o exército), ameaça sindicatos e associações que se colocam em luta, e demonstra sua disposição real de minar as demandas populares ao cortar o ponto dos trabalhadores em greve, impedindo-os, na prática, de manter a mobilização. Para um governo que se coloca como esquerda, fica claro a quem quiser ver que - nos termos do Manifesto Comunista: “O governo do Estado moderno não é senão um comitê para gerenciar os assuntos comuns de toda a burguesia”.
Neste momento, entram em greve os trabalhadores bancários, dos correios, e metalúrgicos, que mostram um caminho para a juventude, e se puderem se unificar, contra a linha da burocracia sindical, podem deixar clara a força social dos trabalhadores!

Do questionamento da universidade de classes ao questionamento da sociedade de classes

Como parte de uma ofensiva histórica dos governos, que buscam aprofundar a privatização da universidade em benefício dos grandes empresários, o reitor Rodas e seus mandantes no governo estabeleceram como objetivo número um destruir a resistência dos trabalhadores e estudantes que, de 2007 até hoje, têm se colocado em pé de guerra contra a elitização e a precarização e que, desde então, passaram por muitas lutas, mobilizações, ocupações, por um direito que é de todo o povo trabalhador.
Se apoiando num discurso hipócrita de que buscam garantir a “segurança e excelência”, os magníficos administradores e o REItor, firmaram convênios com a PM, restringiram a entrada do campus, aprofundaram parcerias obscuras com empresas, avançaram na terceirização e precarização do trabalho - criando um verdadeiro apartheid social aos negros trabalhadores na USP -, ameaçaram de demissão setores e ativistas trabalhadores e muitos outros exemplos de como esses senhores procuram “preparar” a USP para a crise e torná-la um exemplo de universidade para todo o Brasil. 

Por uma juventude à altura dos novos tempos!

Neste cenário de grandes tarefas colocadas, convidamos a todos os jovens dispostos a construir uma juventude revolucionária que esteja em pé de guerra contra a exploração, submissão e miséria que este sistema de opressão impõe aos trabalhadores e jovens. É com essa perspectiva que nas universidades estaduais paulistas buscamos nos ligar à luta dos setores mais explorados dos trabalhadores, como na exemplar greve da União, e que nos colocamos na linha de frente uma luta contra a PM na USP e também nas periferias, no ano passado; que lutamos pela autoorganização, com comandos de delegados, que buscamos nos ligar as greves que nacionalmente questionam o governo. Acreditamos que é fundamental não só “agir”, mas refletir profundamente, sendo um verdadeiro “centro de ideias” para a intervenção na realidade, nos colocando a tarefa de lutar por todas as medidas que possam questionar o caráter elitista e excludente da universidade e abri-la aos filhos da classe trabalhadora e, além de seus muros, lutar para contribuir com o avanço da consciência dos trabalhadores, e aprender com esta que éa única classe que, organizada e consciente, pode dar um fim profundo e definitivo a esta ordem de opressão capitalista. A história não acabou; ao contrário, ao lado dos trabalhadores, mostraremos como é possível FAZER HISTÓRIA!

Participe da Plenária da Juventude Às Ruas no dia 29 de setembro!

A juventude ao lado dos trabalhadores para que os capitalistas paguem pela crise!

Em seu pronunciamento no 7 de setembro, Dilma anunciou novas medidas para tentar conter os efeitos da crise econômica no Brasil. Após a redução da taxa de juros, desoneração de diversos setores com redução de IPI e outras medidas, agora a presidente anunciou a redução das tarifas de energia em até 28% para as empresas, o que gerou uma grande comemoração de setores industriais, como o monopólio do alumínio ALCOA.
Mas o que está por trás da mudança do discurso da suposta “marolinha” de Lula para as medidas de Dilma que tentam segurar a desaceleração da economia? É que o governo do PT, assim como tem acontecido nos EUA e na Europa desde os primeiros impactos da crise, tem planos para garantir o lucro dos empresários e fazer com que a crise econômica seja paga pelos trabalhadores, pela juventude e pelos setores mais explorados e oprimidos da população.
É isso o que vimos desde o começo do governo Dilma, com o corte de 50 bilhões no orçamento de áreas como saúde, cultura e demais gastos sociais, enquanto a imensa bolada para o pagamento de juros e amortizações da dívida permanecia intacta. Recentemente, o governo deu o recado claro para a burguesia, aos empresários e também aos trabalhadores, mostrando de que lado está: foi enérgico para combater a heroica greve de cerca de 400 mil trabalhadores do funcionalismo público, com corte de pontos, o decreto para substituir funcionários em greve, e até mesmo criando o sistema “Proteger”, inspirado na repressão da greve da CSN em 1988, quando o exército matou três operários para sufocar a greve com as botas da repressão respaldadas pela Lei de Segurança Nacional. As repressões às revoltas operárias nas obras do PAC, em Jirau e Suape, estão fundadas nessa tradição de manter a ferro e fogo a superexploração dos trabalhadores brasileiros para garantir os lucros da burguesia.
Os capitalistas, confiantes com o apoio do governo do PT e os governos burgueses dos estados e municípios, já começaram seus “ajustes” para enfrentar a crise. Um dos maiores exemplos são as demissões, lay offs (trabalhadores ficam em casa recebendo pelo FAT – dinheiro do INSS!) e PDVs em inúmeras fábricas, como na GM de São José dos Campos e a Mercedes Benz de São Bernardo. Para isso, outro aliado importante dos empresários tem sido o sindicalismo chapa branca da CUT e Força Sindical, que está costurando com o governo um dos maiores ataques aos direitos dos trabalhadores em muitos anos: o ACE (Acordo Coletivo de Trabalho com Propósito Específico), em que o negociado entre os sindicatos e os patrões prevalecerá sobre o legislado.
Diante desta realidade em que os governos, a burguesia e a burocracia sindical fecham seus acordos para fazer com que os trabalhadores paguem pela crise, a juventude deve tomar uma posição firme ao lado de cada luta que a classe trabalhadora trave para que a crise seja paga pelos capitalistas!
Acabam de se iniciar greves, dos bancários, dos ecetistas e dos metalúrgicos. Em todos os casos, mais uma vez o plano da burocracia da CUT e da CTB, que dirigem os sindicatos é de fazer greves rotineiras para não se desgastar com suas bases, e que não sirvam para combater a superexploração, o assédio, a terceirização e os principais problemas que enfrentam os trabalhadores, inclusive de setores da economia que, mesmo em meio a uma crise internacional, apresentam lucros recordes! A Juventude às Ruas!, no ano passado, esteve lado a lado com os bancários e ecetistas, que romperam a adaptação às direções burocráticas e levantaram piquetes auto-organizados, colocando de pé um bloco combativo e antiburocrático. É necessário que neste ano retomemos e aprofundemos nosso apoio, resgatando ações como a reunião que foi organizada pela Juventude às Ruas! na USP, levando os bancários para discutir com estudantes suas experiências de luta, e também organizando apoio ativo dos estudantes nos piquetes e atos, com faixas, panfletos, cartazes e palavras de ordem de solidariedade, dando um pequeno exemplo de como pode se travar a explosiva aliança operário-estudantil.
A luta para unificar as lutas dos trabalhadores em curso, levando também apoio ativo às universidades, escolas e outros locais de trabalho, é um elemento fundamental para conseguir ajudar as greves a triunfarem, e fazer com que estas sirvam de exemplo aos trabalhadores que, certamente, sairão à luta diante das medidas cada vez mais duras dos capitalistas frente ao desenvolvimento da crise. Chamamos todos a se juntarem a nós, prestando solidariedade ativa para que os capitalistas paguem pela crise!

Avança a Juventude sem Medo...

Con las banderas en alto
va toda la estudiantina!

Uma juventude ativamente internacionalista!
Juventude sem medo. Assim ficam conhecidos jovens trabalhadores, estudantes universitários e secundaristas chilenos, que retomam com força exemplar a luta iniciada em 2011 contra as heranças do regime pinochetista e a Lei Hinzpeter, por educação gratuita, de excelência, laica e não sexista, enfrentando-se com a burocracia estudantil e com as forças repressivas do Estado. É nossa tarefa apoiar ativamente, e extrair as lições estratégicas para enfrentar os desafios que teremos aqui!


Para derrubar as heranças de Pinochet!
Há 39 anos do golpe civil e militar de Estado protagonizado por Pinochet, vige no atual Chile neoliberal um sistema de regime binominal em que dois partidos ou coalizões lideram e hegemonizam as disputas pelo poder no país (a coalizão Concertación e o partido Renovación Nacional, do atual presidente). Sob o governo direitista de Piñera – administrador dos negócios da burguesia nacional e das burocracias sindicais –, com aprovação de 27%, a resposta às manifestações da juventude é repressão, apenas comparável à dos anos mais duros da ditadura. A polícia chilena tem como saldo de seus ataques assédio sexual e brutal violência contra meninas e mulheres, tortura, o assassinato do secundarista Manuel Gutiérrez, 16, morto durante marcha no ano passado, e de trabalhadores. Los pacos (Carabineros, a chamada polícia chilena), apoiam-se na Lei Hinzpeter de Segurança Nacional, que restringe direitos de organização e circulação de pessoas.
Não à toa, com o aprofundamento da crise capitalista e das tendências de luta de classes, os governos se lançam para aprovar ou reformar as chamadas Leis Antiterroristas, como a que existe no país desde a ditadura e reformulada por Piñera em 2010, ligando essa discussão com a questão dos povos originários no Chile, que se expressa na organização do povo Mapuche pelo reconhecimento de seu território. Isso posto, lança-se contra a polícia, o governo e as heranças da ditadura o mais amplo setor da juventude, aliado aos trabalhadores, jovens nos '70, que outra vez se opõem ao regime.


A educação não é mercadoria!
Seguem as privatizações e a precarização de toda educação chilena, vista como uma mercadoria pelo Estado e pela burguesia nacional, que garantem o lucro de poucos, o endividamento de milhões de famílias e a exclusão de muitos em todos os níveis do ensino, marcado pela realidade que assombra na América Latina o Chile e, em outra medida, o Brasil: o filtro social e racial do vestibular. Luta a juventude por educação gratuita e de qualidade, visando ampliar o acesso e acabar com o negócio da educação, na perspectiva das ocupações e autogestão das escolas feitas por alunos, professores e familiares, concretizando a possibilidade de decidirem os rumos do aprendizado e da construção do currículo escolar, como a experiência do colégio A90. Organizados em torno da Agrupação Combativa e Revolucionária (ACR) se reúnem mais de 300 jovens, reconhecidos por ser o setor mais consequente na luta contra a repressão e a polícia, e também pelo importante processo avançado de questionamento à burocracia estudantil, sobretudo na USACH, Universidade de Santiago do Chile.


Viva a aliança operário-estudantil!
A juventude não está sozinha. Os estudantes chilenos, conscientes do papel de sujeito reservado à classe trabalhadora, somam-se a milhares de trabalhadores numa mesma luta, apoiando-se em suas experiências de auto-organização e em seus métodos de democracia direta – assembleias, comandos de mobilização, atos, greves, ocupações – marchando junto a eles pelas ruas, solidarizando-se com suas necessidades e reivindicações. Assim, opõem-se como eles às suas direções burocráticas e conciliadoras. Como eles, compreendem que democratizar o ensino é colocar seus liceus e universidades a serviço da sociedade. A ACR busca fortalecer neste período a necessária aliança operário-estudantil, tomando um lado – o dos trabalhadores, explorados e com postos de trabalho cada vez mais precarizados – diante do acirramento da luta de classes.


Passamos de ser um dos países mais estáveis do mundo, para fazer parte deste que é o maior ascenso da juventude em todo o mundo desde 1968, com a luta pela educação gratuita (...) colocando em cheque a herança pinochetista e o regime herdado da ditadura. (...) as direções burocráticas aceitaram a política do governo de desvio, por isso não vencemos. (...) Mas a juventude, principalmente a secundarista volta a sair à luta, seu ‘segundo round’.”
LEIA NA ÍNTEGRA A ENTREVISTA COM ZONIKO, ativista do Hip Hop e do movimento estudantil chileno, e militante do PTR-CcC, parte da FT – http://www.juventudeasruas.blogspot.com.br/2012/09/entrevistamos-zonyko-ativista-do-hip.html


Defender os lutadores e unificar as mobilizações!

A repressão na USP a serviço de um projeto

Em outubro do ano passado, estudantes da Universidade de São Paulo deflagraram greve contra a presença da PM dentro da Universidade, os processos e prisões contra estudantes e trabalhadores e a estrutura de poder autoritária, herdeira da ditadura militar. A presença da PM no campus serve à imposição da força sempre que necessário e, com maior eficácia, a um projeto de universidade: uma universidade elitista, racista, mercadológica e de portas fechadas para os trabalhadores e povo pobre. Agora, nesse fatídico mês de setembro, Rodas pretende levar até o fim os processos administrativos abertos contra os 73 estudantes e funcionários, punindo-os exemplarmente, novamente apoiado no regimento da USP, escrito durante a ditadura militar, no ano de 1972, por um dos redatores do AI-5 – e reitor – Gama e Silva, assim como fez com os oito eliminados da moradia retomada.
Mas as punições, as perseguições, enfim, a repressão está longe de atingir apenas os estudantes: hoje mais de seis delegados sindicais do SINTUSP estão sendo processados, além do diretor sindical Claudionor Brandão, demitido inconstitucionalmente em 2008 por apoiar a luta contra a terceirização dentro da universidade. Rodas também ameaçou processar a ADUSP, por conta das manifestações contrárias à repressão de Rodas e sua administração na imprensa.

O movimento estudantil se prepara para ressurgir!

A reitoria da USP, na tentativa de avançar em seu projeto, esbarra na organização estudantil em todos os campi universitários. Em São Carlos, Rodas tenta assinar convênio com a PM, atacar à moradia estudantil e retirar dos estudantes a autonomia sobre seus espaços, ameaçando o principal espaço de organização estudantil do campus de São Carlos, o histórico centro acadêmico único, CAASO, que representa todas as secretarias acadêmicas dos cursos que estão na USP São Carlos.
Já na EACH, os estudantes se mobilizam contra a terceirização do bandejão da unidade, que oferece além de péssima qualidade na alimentação, precarização e exploração do trabalho. Os alunos questionam a terceirização e o papel nefasto que cumprem as empresas terceirizadas, exigindo a reincorporação de uma funcionária demitida no já conhecido “troca troca” de empresas terceirizadas que prestam serviço à USP, que demitem funcionários, não pagam salários e por meio de falsas falências deixam os trabalhadores explorados a ver navios.
Na Unesp de Franca, o movimento estudantil, aliado a movimentos sociais, expulsam o “príncipe do Brasil” do campus da universidade, presente para uma palestra, sendo que defende claramente os latifúndios, contra a reforma agrária, assinando embaixo a todo o derramamento de sangue no campo pelas lutas por terra, trabalho e moradia. 

As entidades devem estar a serviço de unificar as mobilizações e derrotar a repressão!

É nesse contexto de ressurgimento do movimento estudantil que acontece o XI Congresso dos Estudantes da USP, que com um chamado por “democracia na universidade” e “diretas para reitor”, secundariza a forte organização dos estudantes, desde a vanguarda até as bases do curso, para barrar os ataques da reitoria, desconsiderando que é preciso derrubar completamente, e não reformar, a estrutura de poder da USP. É necessário dissolver o C.O. (Conselho Universitário) e o reitorado, construindo uma assembleia estatuinte em base à mobilização; democratizar radicalmente o acesso, não só através das cotas, mas da luta pelo fim do vestibular, com a estatização sem indenização do ensino privado; compreender que essa luta por democracia é inseparável, no conteúdo, da luta contra a repressão aos que lutam, e que caso se concretize a ameaça de eliminação de dezenas de estudantes e trabalhadores o movimento todo sofrerá uma derrota que tornará impossível o avanço na luta pela democratização.
Por isso, se vota no congresso, em razão de uma fortíssima luta política dada por um setor de estudantes ali presentes, do qual a Juventude às Ruas! esteve à frente, a construção de uma forte campanha contra a repressão na Universidade, pelo fim de todos os processos contra estudantes e trabalhadores e pela reintegração dos estudantes eliminados e de Brandão. Para que essa campanha se efetive, e saia do âmbito de resolução congressual, é necessário que as direções do movimento, PSTU e PSOL, atentem para a central importância de tocar essa luta à frente, organizando os estudantes para barrarem esses ataques e colocando todo o peso nessa questão. Porém, o que vimos até agora é justamente o contrário, um DCE desmobilizado, opondo de todas as maneiras qualquer debate à questão da repressão, como fazem agora com as eleições para diretor da FFLCH, onde jogam todo o seu peso de CA’s e DCE para desliga-la da luta pela derrocada da estrutura de poder que pune estudantes por se mobilizarem contra o projeto de universidade. O DCE alterou parcialmente, desrespeitando as decisões do congresso sobre os eixos de atividades e materiais, o conteúdo dessa campanha. Ao mesmo tempo, as resoluções implementadas estão servindo para pautar desde as entidades reconhecidas a luta contra os processos, o que mostra como a luta política desde o congresso não somente foi correta como deve seguir permanentemente.
Levar adiante uma forte campanha contra a repressão é o que pode permitir unificar essas mobilizações, ainda isoladas, que surgem estadualmente – expressões iniciais nas universidades de São Paulo do fenômeno visto nas greves das federais e nas respostas que os trabalhadores e a juventude começam a dar nacionalmente aos ataques dos governos e patronais –, e assim avançar para impor uma derrota às reitorias e ao governo.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

BOLETIM JUVENTUDE ÀS RUAS MG #3


BOLETIM JUVENTUDE ÀS RUAS MG #3

+ ESPECIAL GREVES NACIONAIS UNIVERSIDADES FEDERAIS

+ TROTSKY REVOLUÇÃO ESPANHOLA



http://issuu.com/juventudeasruasbh/docs/boletimjuventudeasruasmg3

CARTA DA JUVENTUDE ÀS RUAS A RESPEITO DA GESTÃO 2012 DO CACH, QUE SE DESFEZ E HOJE NÃO CORRESPONDE MAIS À CHAPA QUE FOI ELEITA PELOS ESTUDANTES. O QUE FAZER FRENTE A ISSO?


Quando uma chapa de centro acadêmico deixa de existir o que temos que fazer? Um debate sobre os últimos acontecimentos do CACH.

Todos os anos ocorrem eleições de Centro Acadêmico no instituto, onde a chapa ganhadora tem o intuito de levar pelo ano seguinte a proposta pela qual foi eleita pelos estudantes. Partindo desse elemento, fundamental das eleições, chamamos os estudantes a discutir a atual situação do CACH, para que todos possam opinar e se posicionar sobre o seu próprio Centro Acadêmico, haja vista, a situação crítica no qual este se encontra hoje. A situação concreta é: hoje a gestão eleita pelos estudantes não existe mais; quase toda a composição inicial de coordenadores não participa mais das reuniões e atividades do CA; e a própria concepção inicial, com o qual a chapa ganhou, não se mostra mais como prática do C.A.

Para concretizarmos uma alternativa para essa problemática, na penúltima reunião do C.A. (04/09) havíamos proposto um ponto de balanço da gestão, para a reunião seguinte. O método de balanço, além de ser responsabilidade elementar das gestões eleitas, é de profunda importância para o conjunto do movimento, para que este possa amadurecer, mantendo uma relação democrática e orgânica com a base dos estudantes. Na já referida reunião, que ocorreu dia 11/09, propusemos a construção de um material aberto expressando um balanço público da atual gestão, no qual todos os estudantes e organizações políticas pudessem expressar suas posições sobre o CA, e assim discutir amplamente com todos os estudantes para construirmos uma assembleia, e através de uma discussão democrática, decidirmos os rumos do centro acadêmico, tendo como método a auto-organização e autodeterminação desde as bases dos estudantes.

Infelizmente, a proposta do material e da assembleia foi recusada pelos companheiros do PSTU - hoje maioria nas reuniões abertas do CACH, além de contar com dois militantes dentro da atual gestão. As justificativas para a recusa das propostas são, ironicamente: o afastamento do CA. da base dos estudantes, ou ainda, “ que os estudantes não estariam interessados em discutir”; como se isso, isentasse de responsabilidade a gestão de realizar o balanço público. Em meio disso, há uma chapa eleita agonizante, na qual os poucos que restaram mudaram suas concepções de centro acadêmico e é incapaz de realizar as tarefas mais elementares. Não podemos concordar com a postura burocrática dos companheiros, que pretendem isolar os importantes acontecimentos, relativos ao C.A. e à gestão, do conjunto dos estudantes do IFCH.

A posição dos companheiros do PSTU é tão absurda, que mesmo compartilhando o balanço negativo e a avaliação da realidade de que o CACH está afastado dos estudantes, permanecem calados dentro da gestão – onde daqui a pouco restarão somente eles – mantendo reuniões esvaziadas, passando políticas, como se nada estivesse acontecendo. Assim esperam, religiosamente, pelo calendário das instituições, pelas eleições no final do ano, impedindo que ninguém saiba, omitindo, por assim dizer, a atual crise. Na prática isso significa querer substituir os próprios sujeitos políticos, ao invés de priorizar que eles sejam protagonistas. E o pior, os companheiros são contra um material informativo, pelo qual os estudantes entrassem em contato com a atual situação do CACH e com as distintas posições sobre o transcurso dos fatos. Ademais sendo contra a assembleia, impedem que os próprios estudantes possam opinar sobre o centro acadêmico que elegeram, e, teoricamente, devia representa-los. Nós da Juventude Às Ruas discordamos profundamente da posição do PSTU, pelo seu caráter antidemocrático, e levamos a proposta do balanço publico para que todos possam conhecer, inclusive como meio para reaproximar os estudantes, colocando como primeiro ponto de balanço o próprio afastamento, possibilitando que os próprios estudantes digam que centro acadêmico pretendem construir.

Achamos que este debate deve continuar, pois, a importância de haver um balanço público não se trata apenas, embora sendo já suficiente, de seu caráter democrático, de “prestar contas” aos estudantes do IFCH que votaram, ou não, nesta chapa. Trata-se também de dar passos à frente no movimento estudantil, para que possamos a partir de nossas ações, das distintas concepções de centro acadêmico e visões do movimento estudantil possamos identificar nossos erros, buscando sua própria superação. Nesse marco, consideramos fundamental e democrático que todos os estudantes do IFCH possam opinar, e serem sujeitos políticos. Convidamos a todos que estejam presentes na próxima reunião do CACH (terça-feira, às 17:30) para que também se posicionem sobre essas questões, garantindo todos os meios possíveis para que os estudantes possam ser sujeitos de seu centro acadêmico, tal como uma assembleia, um material com as posições e opiniões, e quantas ideias sejam necessárias para isso. Que cada voz possa ser ouvida e cada posição possa ser debatida!

Convidamos todos a discutir com a gente o que fazer, hoje as 17h no IFCH

Juventude às Ruas - Campinas, 19 de setembro de 2012.

Abaixo as sindicâncias moralistas de Araraquara!

É urgente colocar de pé uma campanha Contra a Repressão na UNESP junto a USP e Unicamp!

Dia 10 de agosto, sexta-feira, estudantes moradorxs da Moradia Estudantil de Araraquara organizaram em sua casa uma confraternização entre amigxs. Algunxs cantaram, outrxs beberam, muitxs conversaram, dançaram... algunxs transaram. Nada muito diferente da prática natural de milhares de jovens que, após uma semana de estudos e trabalho, resolvem relaxar, se encontrar e se divertir com xs amigxs, companheirxs e namoradxs. Porém, qual não foi a surpresa de algunxs dessxs estudantes ao receber, dia 16 de setembro um processo de sindicância cuja pena pode ser a expulsão da Universidade, com a "acusação" de que "efetuaram barulho, ingeriram bebida alcoólica no interior da moradia estudantil, praticaram ato obsceno e sexual em grupo perante as pessoas."

Esse é mais um dos claros atentados contra a autonomia dos moradores dentro da Moradia Estudantil, que tem sido uma prática da atual Reitoria em todas as Direções - vigiar, ameaçar, proibir e punir - no que diz respeito a Moradia Estudantil, sendo em algumas proibida a entrada de pessoas após as 23:00, em outras proibida a entrada e o consumo de bebidas alcoólicas, e em algumas, até o pernoite de parentes, namoradxs e amigxs chegaram a ser proibidos! Isso nos câmpus que possuem Moradia, pois Permanência Estudantil não foi prioridade da última, assim como não será da próxima, gestão da Reitoria. Essa intervenção direta da Direção sobre os espaços de permanência, organização e convivência estudantil representa uma tentativa de controle dos espaços historicamente questionadores da elitização e privatização da Universidade Pública, que são as Moradias Estudantis!

Não bastasse essa violação ao direito dos estudantes sobre seus espaços de permanência e convivência, a Direção abre uma sindicância pelo fato de estudantes terem transado (sic!)!!! Se a burocracia da Universidade Pública já indicava a indisposição de respeitar a laicidade dos espaços públicos ao priorizar a formação e a exaltação dos simbolos e práticas do catolicismo, agora evidencia mais ainda seus interesses em implantar na Universidade uma moral de um convento/mosteiro! A repressão sexual e o conservadorismo moral da burocracia estão a serviço de formar um indivíduo submisso às normas e às regras sociais, acrítico e castrado da possibilidade de experimentação, conhecimento e relacionamento entre pessoas! É importante ressaltar os elementos homofóbicos presente nessa sindicância, já que entre xs jovens que praticavam sexo se encontravam homens e mulheres dispostxs a práticas sexuais diversas das heteronormativas. Nas entrelinhas se vê a repressão sexual expressa ao ressaltar o caráter tanto grupal, quanto exibicionista do ato sexual, como se tais elementos distoantes da normatividade justificassem a "obscenidade" - no seu sentido pejorativo - do ato e, portanto, a punição dos praticantes!

Fica evidente que nessa 'UNESP-orgulho' da carta-proposta do candidato a Reitor, as mulheres, especialmente aquelas que não seguem a imposição da ditadura da beleza (como as "gordas" do Interunesp) servem para serem montadas e não para poderem praticar livremente sua sexualidade nas suas moradias; nessa 'UNESP-excelência' de Durigan, Hermann e Alckimin, xs negrxs, especialmente imigrantes, são obrigados a morar de favor(como em Rio Preto) e escorraçados como animais (como em Araraquara) e, longe de sentar nas cadeiras da Universidade, pela existência do filtro social e racial do vestibular, são encontradxs nos trabalhos terceirizados, precários e escravizadores da 'UNESP-orgulho'! Não a toa, nada foi feito contra os agressores e responsáveis pelos casos acima, mas sindicâncias, processos e punições são abertos contra aquelxs que resistem a essas opressões!

É essa a 'UNESP-100 melhores do mundo com menos de 50 anos' em que o candidato a Reitor, atual vice, diz que as mobilizações estudantis por mudança serão caso de polícia. É essa a 'UNESP-PDI' que persegue, ameaça, reprime, processa e sindica estudantes que lutam por um projeto que privilegie uma Universidade aberta para a população, que garanta políticas de permanência estudantil plenas e coloque o ensino, a extensão e a pesquisa a serviço dos interesses dos trabalhadores e camponeses.

Importante relembrarmos que em Franca, um estudante do 1º ano de história foi suspenso por um mês e teve seu semestre perdido em 2011 por criticar em sala de aula o discurso claramente homofóbico e racista de um professor. Também em Ourinhos esse ano, um professor tem acuado em sala de aula as estudantes com um discurso diretamente machista, que deu base inclusive para o surgimento de pixações violentas e agressivas em portas da faculdade contra as estudantes mulheres. A onda repressora como política de gestão da antiga, atual e futura Reitoria vêm aumentando e atuando em todos os níveis: repressão axs estudantes que lutam; repressão axs estudantes que questionam; repressão às estudantes mulheres; repressão axs estudantes negrxs; repressão axs moradorxs das Moradias; repressão ao livre exercício da sexualidade...

É hora de darmos um basta de conjunto a essa política. É hora dos estudantes da UNESP resistirmos em conjunto aos estudantes e trabalhadores da Unicamp e, especialmente, da USP (hoje xs mais atacadxs), na defesa dxs lutadxres, em barrar as sindicâncias e repressões em curso e lutarmos pela democratização das Universidades Públicas para acabar com a farra dos burocratas da UNESP, USP e Unicamp que enchem os bolsos com as parcerias público-privadas, fundações e terceirizações ao mesmo tempo que nos reprimem, elitizam o ensino e vertem a miséria sexual e a repressão moral sobre a juventude universitária!

Nesse sentido, nós, da Juventude às Ruas: 

CHAMAMOS TODXS XS ESTUDANTES, ENTIDADES ESTUDANTIS E ORGANIZAÇÕES POLÍTICAS PARA A URGENTE CONSTRUÇÃO DE UM CEEUF QUE ARME O MOVIMENTO ESTUDANTIL DA UNESP PARA BARRAR AS REPRESSÕES E LUTAR POR UM OUTRO PROJETO DE UNIVERSIDADE!!!

* Nos colocamos em defesa da autonomia das Moradias Estudantis!

* Defendemos a livre expressão da nossa sexualidade!

* Repudiamos as sindicâncias contra xs estudantes de Araraquara, assim como qualquer forma de repressão vinda da Reitoria e Diretorias!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Entrevistamos Zonyko, ativista do Hip Hop e do movimento estudantil chileno que virá ao Brasil em setembro


Zonyko é também militante do PTR-CcC (grupo irmão da LER-QI no Chile e parte da Fração Trotskista), que impulsiona junto a independentes a Agrupação Combativa e Revolucionária (ACR) que recentemente reuniu cerca de 300 companheiros nacionalmente. Desde o início do processo de luta da juventude estamos na linha de frente dos combates.


JPO: A mobilização que está acontecendo no Chile neste momento é continuidade do ano passado?
Completamente. A juventude no Chile vem sendo uma grande protagonista das mobilizações da juventude em todo o mundo. Passamos de ser um dos países mais estáveis do mundo, para fazer parte deste que é o maior ascenso da juventude em todo o mundo desde 1968, com a luta pela educação gratuita. Mas a juventude terminou se chocando contra os pilares do Chile neoliberal, colocando em cheque a herança pinochetista e o regime herdado da ditadura, mantido pela direita e pela Concertación. Mas no ano passado a coisa explodiu com a luta da juventude. Só que as direções burocráticas, PC e variantes populistas, aceitaram a política do governo de desvio para o parlamento e isolaram os setores combativos. Por isso não vencemos. E fizeram isso mesmo depois de o governo e sua polícia terem levado a vida de Manuel Gutierrez no histórico 25 de agosto em que saíram as ruas quase um milhão de pessoas. Mas a juventude, principalmente a secundarista volta a sair à luta, seu “segundo round”.

JPO: Como está sendo a luta deste ano?
Voltaram com tudo as ocupações e marchas massivas. No dia 28 de agosto, os professores com participação dos secundaristas e universitários mobilizaram 200.000 pessoas pelo país. O presidente Piñera, com apenas 27% de aprovação, responde com repressão, querendo fazer valer uma nova lei, a Lei Hinzpeter, que permite prender manifestantes por até 3 anos. O problema que enfrentamos é que a vanguarda, principalmente secundaristas, está sozinha, ainda que ganhando adeptos. Aparecem grupos anti-ocupação de estudantes e pais reacionários organizados, junto à repressão policial para desocupar os colégios. A vanguarda responde reocupando. Estamos num equilíbrio instável e dinâmico, que mostra que a crise segue aberta, mas com uma correlação de forças muito mais empatada que no ano passado.

JPO: E como está a experiência com a burocracia estudantil neste momento? O que propomos para fazer avançar a organização dos estudantes para vencer?
A burocracia estudantil quer aceitar migalhas. A Confech (Confederação dos universitários) defende a regulamentação da educação privada e abandonaram a luta imediata pela gratuidade. Deixa os secundaristas, que têm sido vanguarda, serem reprimidos sozinhos (inclusive com abusos sexuais). Em secundaristas, o movimento terá que impor uma unificação em base a delegados revogáveis eleitos na base para superar a atual fragmentação entre a ACES (dirigida majoritariamente por populistas) e a CONES (dirigida majoritariamente por reformistas, PC, Concertación). Um organismo assim permitiria que fossemos até o final na luta pela educação gratuita, contra a Lei Hinzpeter e para liquidar a herança pinochetista, superando as direções.

JPO: Temos visto que vem avançando bastante a construção da Agrupação Combativa e Revolucionária, pode nos contar um pouco sobre esse processo?
Temos organizado mais de 300 companheir@s nas cidades de Santiago, Antofagasta, Valparaíso e Temuco. Foi um avanço muito grande como parte deste processo. O PTR teve o mérito de, distintamente da inércia das outras organizações, se meter com tudo no movimento e se ligar a parte dos setores mais combativos. Hoje somos reconhecidos em todo o país, tanto por estar na primeira fileira do combate contra a polícia e a repressão, por termos sido os mais consequentes na luta pela educação gratuita e contra a burocracia estudantil, mas também por termos sido parte importantíssima do processo mais avançado de questionamento à burocracia estudantil, na Universidade de Santiago do Chile, a USACH. E ainda estivemos a frente de uma das experiências mais avançadas do movimento secundarista, que foi a auto-gestão do colégio A90, que hoje é um exemplo que está sendo seguido por parte do movimento que ressurgiu.

JPO: Conte-nos sobre sua trajetória no movimento hip hop, sua ligação com o movimento e porque resolveu neste ano entrar para o PTR e para a ACR. Tem a ver com o processo de 2011?
Exato. Foi a luta de 2011 que me colocou em crise na realidade. Eu venho do populismo, uma tradição muito forte aqui no Chile, também dentro do hip hop e nos seus coletivos. Em 2011, muitos ativistas do hip hop vimos que estávamos por fora do processo. Por exemplo, minha companheira e eu impulsionávamos um coletivo e os jovens que vinham nas atividades estavam nas ocupações de colégios, marchavam, lutavam nas ruas, e o dia do hip hop era o momento de relaxar. Isso nos levou rapidamente a irmos para as ocupações, começamos a compor canções que empalmaram com aquele setor mais combativo, realizamos vários festivais e atividades em colégios. Assim tivemos um grande avanço subjetivo. Isso não aconteceu só com agente, e sim com um amplo setor do hip hop combativo. Mas, obviamente, não via até o final as questões estratégicas fundamentais. Foi justamente isso que consegui ver quando comecei a me aproximar do PTR.

JPO: Quais são essas questões estratégicas fundamentais que fizeram você se ligar ao trotskismo?
A importância da classe trabalhadora como a única que pode levar a luta contra o capital até o final, a necessidade da aliança operária-estudantil, a necessidade de um partido revolucionário de combate, além de outras. A experiência que tive nestes coletivos me mostrou que a partir deles não se pode superar as direções burocráticas e menos ainda a burguesia. Essas lições fomos tirando no processo de luta e ficaram “gravadas a fogo” na minha cabeça. O hip hop pode estar ligado à luta de classes, à perspectiva revolucionária.

JPO: Alguma mensagem a juventude brasileira?
É realmente uma honra viajar para o Brasil. Estou muito contente porque vou participar de um encontro da Juventude às Ruas no dia 29, para quando também estamos tentando organizar um festival, alguma coisa de protesto, com música e tal. Também por poder conhecer camaradas que lutam pelas mesmas ideias que nós aqui no Chile, os companheiros da LER-QI. Isso é parte do internacionalismo que temos na FT. Estou ansioso para compartilhar estes momentos com a juventude brasileira combativa e revolucionária.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Sob ameaça imediata de demissões e eliminações na USP, começa a ressurgir o movimento estudantil no estado de São Paulo

Por Julia Borges, estudante de História da USP e Letícia Parks, estudante de Letras da USP

No campus da USP em São Carlos, o movimento estudantil começa a dar demonstrações de que está pronto para ressurgir. Os estudantes de São Carlos, no último dia 29 de agosto, organizaram uma manifestação com cerca de 400 pessoas em resposta à reunião do conselho gestor do campus, que visa implementar diversas medidas repressivas. As principais são: o fim da autonomia na utilização dos espaços estudantis e do CAASO (centro acadêmico único que engloba as secretarias acadêmicas de cada curso do campus), com a proibição de festas e venda de cervejas, que geram o autofinanciamento do movimento estudantil; a retirada de alguma autonomia conquistada pela luta dos estudantes na gestão do alojamento da universidade (na seleção dos moradores e as regras da moradia) e a assinatura do convênio USP – PM.

Os estudantes da EACH (USP-Leste) lutam hoje contra o mesmo projeto de universidade privatista, elitista, repressora e fechada à população pobre e à classe trabalhadora. Essa privatização se manifesta na terceirização do restaurante universitário, que demite funcionários no troca-troca de empresas terceirizadas que prestam o serviço à USP. Esse método já é conhecido, além de demitir trabalhadores também deixa tantos outros sem salários com as constantes “falências” farsescas das empresas terceirizadas - que no ano passado foi revertida com a importante greve d@s trabalhador@s terceirizados da UNIÃO, depois de 3 meses sem receber, quando também recebeu apoio do movimento estudantil, dando um importante exemplo de luta. Os estudantes da EACH saem em luta contra a terceirização, pela reincorporação de uma funcionária demitida, e pela contratação de mais funcionários e melhores condições de trabalho e de alimentação para os estudantes, em aliança com os trabalhadores. Tanto a assinatura do convênio com a PM quanto os escândalos da terceirização, demonstram o projeto de universidade que esta por trás das reitorias, onde a prioridade está longe de ser boas condições de trabalho, pois dá lugar ao seu oposto: por um lado o lucro de empresas ligadas aos burocratas da universidade e a divisão dos trabalhadores entre efetivos e terceirizados para paralisar suas lutas e por outro a repressão aos lutadores como se evidenciou na luta do ano passado contra a PM no campus.

Dando mais uma prova de que o projeto privatista e repressor de universidade não se restringe à USP, mas avança em nível estadual e nacional, também na UNESP, no campus de Franca, estudantes sofrem repressão por rechaçarem a presença do príncipe do Brasil, em uma palestra na Faculdade de Direito, que defende abertamente o latifúndio ao custo da repressão e dos assassinatos no campo, contra a reforma agrária, e combate leis por direitos elementares como a criminalização da homofobia e do trabalho escravo. Agora os estudantes são perseguidos pela direção. Nacionalmente os estudantes das universidades federais acabam de sair de 3 meses de uma enorme greve dos 3 setores contra as condições precárias das universidades federais do REUNI. Em São Paulo, os estudantes da UNIFESP, também em greve, foram presos durante uma manifestação contra a repressão e a precarização da educação, em aliança com a população do bairro dos Pimentas, em Guarulhos, e seguem sendo reprimidos, e assim como na USP com os processos e ameaças de expulsão.

Em todos esses casos vemos o movimento estudantil se levantar contra um mesmo projeto. O movimento estudantil volta a se mobilizar estadual e nacionalmente contra a precarização do ensino, do trabalho, contra a repressão e a privatização do ensino público. São expressões de que o semestre pode ser atravessado por novas fortes mobilizações nas estaduais paulistas, no marco do aumento dos choques entre os governos e patronais e os trabalhadores em todo o país, que golpeiem reitorias e governo. Mas para que isso aconteça é necessário que as direções do movimento estudantil tenham uma política diferenciada do que vem mostrando até agora. Tenham política para unir todas as lutas que vão no mesmo sentido, contra um mesmo projeto e a forte repressão. É tarefa das direções dos movimentos organizar a vanguarda e base dos estudantes, forjando uma mobilização estudantil a nível estadual e colocando todo o seu peso para fortalecer esses processos.

Barrar a repressão e avançar para uma forte mobilização estadual!

Os estudantes em São Carlos e na EACH, assim como os trabalhadores da prefeitura do campus Butantã que saíram em mobilização no dia 05 de setembro, demonstram que os ataques são urgentes, e que é preciso resgatar os métodos de luta – atos, piquetes – que podem nos levar a vitórias contra esse projeto privatista de universidade, através da organização em base aos históricos mecanismos de auto-organização, como as assembleias de base, comandos e comitês específicos de luta contra a repressão.

No último mês se organizou na USP o XI Congresso dos Estudantes da USP, no qual graças a uma forte luta política travada por um setor dos estudantes presentes no congresso, em que a LER-QI e a Juventude Às Ruas estiveram à frente, que colocamos a todo o momento a importância de que o congresso servisse para mobilizar os estudantes numa luta encarniçada contra os ataques da reitoria e por isso contra a repressão – cujo exemplo mais vivo se expressou na prisão dos 73 estudantes e trabalhadores na reintegração de posse da ocupação da reitoria por uma operação de guerra com mais de 400 militares, em novembro do ano passado. Deste modo defendemos a necessidade de organizar uma importante campanha contra a repressão aos lutadores, pelo fim de todos os processos - parte dos quais programado para se concluir nesse mês -, e pela reintegração dos 8 estudantes eliminados por lutar por moradia e de Brandão, diretor do SINTUSP demitido inconstitucionalmente, justamente por lutar ao lado do setor mais precário, os terceirizados. A votação dessa campanha no congresso e essa luta política impulsionaram na semana seguinte importantes reuniões do DCE, sendo as mais lotadas do ano. Essa importante campanha tem que ser impulsionada com toda a força ainda nesse mês, quando se encerram os processos e se caminha para a efetivação da expulsão e demissão de estudantes e trabalhadores como mostra da ofensiva repressiva da reitoria da Universidade de São Paulo.

As direções do movimento estudantil desde já não estão colocando suas forças nessa luta, opondo esta à campanha por democracia. A maior expressão disso está no processo eleitoral para diretor da FFLCH, em que as gestões do DCE e CAs colocam todo o seu peso, sem ligar em nenhum momento com a luta contra os processos, que são a expressão de uma estrutura de poder herdeira da ditadura militar, que mantem um regimento disciplinar instituído por decreto em 1972, em plena vigência do AI-5, e munidos dessas armas prendem os que lutam por melhores condições de ensino, trabalho e contra a repressão dentro e fora da Universidade, ou seja, contra o projeto de universidade a serviço dos lucros que vem se aprofundando há décadas e é implementado pelos governos nacional e estadual com políticas complementares. É necessário que as direções se atentem para a importância central que tem a construção de uma forte mobilização que seja capaz de impor uma derrota a Rodas, barrando essas expulsões e demissões, que caso passem representarão uma derrota para o movimento estudantil de conjunto. Só partindo daí, fazendo com que as deliberações do congresso dos estudantes da USP seja efetivo e não formal, como estão agindo, será possível oferecer uma via para que as primeiras lutas já em curso possam se ligar, avançando para uma forte mobilização estadual, que possa, através da auto-organização e da aliança com os trabalhadores, golpear fortemente reitorias e governo e avançar para conquistas importantes!

O Movimento Estudantil da UNESP deve organizar uma forte Campanha Estadual contra a Repressão!

Dia 28/08, na Unesp Franca, um grupo de alunos conservadores (articulado em torno de idéias integralistas) e o Diretor do campus, “abriram” as portas da universidade para o auto-intitulado “príncipe” do Brasil - Bertrand de Orleans e Bragança (herdeiro da família real brasileira, e líder de um movimento que prega abertamente a violência no campo contra os trabalhadores sem terra) e seu “fiel escudeiro”, o jornalista José Carlos Sepúlveda (membro da TFP, inimiga dos direitos humanos e defensora saudosa e ativa do regime militar), sob o pretexto de resgatarem a “importância” da família real no Brasil. Como se já não ocupassem espaços e cargos demais nas universidades de todo o país, os defensores do latifúndio, da propriedade privada e da criminalização da pobreza, foram convidados de honra da burocracia acadêmica.

Apoiados numa estrutura de poder completamente antidemocrática (análoga ao regime monárquico dos Orleans), que concentra as decisões nas mãos de pouquíssimos professores, os atuais “REIS” da universidade afirmam da pior maneira que não há espaço aos que questionam esse projeto de educação elitista, lançando mão do aparato repressivo (físico e ideológico) e de manobras acadêmicas para expulsar e punir os estudantes e demitir trabalhadores.

Na USP, pelas mãos do REItor Rodas (figura emblemática da ditadura militar), foram 73 presos na luta contra a presença da polícia militar na universidade, expulsões, sindicâncias, demissões e processos administrativos a trabalhadores, estudantes e professores. Na Unicamp e na Unesp, a repressão aos que lutam também é regra.

Partindo do exemplo de Franca, onde mais de 200 pessoas expulsaram da universidade o “príncipe” e o “bobo da corte“, reafirmando a aliança com os trabalhadores da cidade e do campo, está na ordem do dia a articulação com outras universidade em que estudantes e trabalhadores são reprimidos pelos governos federal e estadual. É preciso que o ME se coloque a frente de uma grande CAMPANHA ESTADUAL CONTRA A REPRESSÃO e que o CEEUF se organize nessa perspectiva, para unificar os lutadores dentro das universidades junto com sindicatos, entidades, grupos políticos, de direito humanos, para barrar a escalada repressiva e construirmos uma universidade a serviço dos trabalhadores e da população pobre. É nesse sentido que nós da Juventude Às Ruas nos colocamos!

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Cotas raciais para as universidades racistas e elitistas

Após o último dia 26 de abril, no qual o STF aprovou a legalidade do sistema de cotas no Brasil, esse tema novamente veio à tona como um debate nacional, discutido amplamente nas universidades do país, criticado por alguns setores e defendido por outros. É papel da juventude, aliada a classe operária, apoiar esse tipo de demanda mínima? É evidente que sim. 

Os setores racistas alegam que o sistema de cotas raciais é inconstitucional e que cria uma segregação racial que não existiria, já que a constituição brasileira prevê igualdade de direitos e deveres a todos os cidadãos. O que esses setores da direita propositalmente não dizem, é que apesar da constituição garantir também, na teoria, salário, saúde, educação, moradia e etc., para todos, não é isso que acontece no nosso suposto “Brasil potência”, permeado pela intensa desigualdade racial e social, que obriga milhares de trabalhadores, em sua maioria, negros, a venderem sua força de trabalho em postos cada vez mais precários. Não precisamos nem mesmo recorrer a dados estatísticos e fazer grandes análises históricas sobre o papel que a escravidão (tardiamente encerrada) cumpriu no processo de opressão ao povo negro brasileiro, basta olharmos para o lado e contarmos quantos negros convivem conosco como alunos na universidade, particularmente aqui na Unicamp, que é uma das uma das universidades mais racistas e elitistas do nosso país. Aqui, onde estudamos, só vemos os negros nos postos de trabalho precário, como é o caso dos trabalhadores terceirizados da limpeza. Basta abrirmos qualquer jornal da grande mídia e contabilizarmos quantos moradores dos morros e periferias, em sua maioria negros, são cotidianamente massacrados pela polícia, pelo tráfico ou pela precariedade do sistema público de saúde. Neste sentido, medidas de combate ao racismo, como as cotas raciais, tratam-se de uma política de reparação histórica ao povo negro, que após séculos de luta contra a escravidão, ainda hoje permanece enfrentando cotidianamente o racismo estrutural de nosso país. 

As lutas por demandas democráticas imediatas de combate ao racismo, como as cotas raciais para as universidades, são parte fundamental de uma luta para um amplo questionamento da estrutura racista de nosso país, que questione todos os pilares da nossa sociedade, que questione a naturalização do racismo. A política das cotas raciais, apesar de ser apenas uma parte da luta contra a opressão racial, é capaz de impor medo à burguesia, demonstrando todo o poder do povo negro organizado através dos métodos da luta de classes, com independência da burguesia e aliada aos trabalhadores. 

Entretanto, esta reivindicação isolada pode ser usada para desviar os processos de luta, fazendo apenas reformas superficiais que não resolvem a exclusão racial dentro das universidades, pois acabam beneficiando uma ínfima parcela da população negra, como aconteceu nos EUA, que passou por diversos processos de luta por direitos civis e igualdade racial nas décadas de '60 e '70, que obrigou a burguesia a fazer concessões, mas acabou desviando os processos de luta e criando ilusões na população negra através da democracia burguesa. 

Por isso nós, da Juventude Às Ruas, defendemos que uma política de cotas minimamente justa, capaz de se defrontar de fato com a estrutura racista de nossa universidade, deve partir de ser proporcional à quantidade de negros de cada estado, e não percentuais aleatórios de acordo com o que for possível conciliar com as elites racistas de cada região. Além disso, deve necessariamente estar ligada à luta pelo fim do vestibular, por mais verbas para o ensino público, pela melhoria das escolas públicas e pela estatização das universidades privadas, pelo fim do genocídio da população negra nos morros e periferias, pela saída da polícia dos campi universitários e pelo fim do trabalho precário e terceirização, com efetivação dos trabalhadores terceirizados sem concurso público. Não se trata de fazer maquiagens em um sistema falido, pintas negras em uma universidade branca, trata-se de expulsar o racismo em todas as suas formas e abrir as portas para a juventude e população negra das periferias de todo o país!