sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Carta Aberta da Assembleia Geral dos Estudantes UNESP/Franca

Abaixo-assinado/ carta-manifesto

O corpo dos estudantes reunidos em Assembléia Geral dos Estudantes da Unesp do Campus de Franca no dia 30 de agosto de 2012 – a maior assmebléia realizada no Campus novo, com 164 pessoas, desconsiderando os presentes que foram embora sem assinar a lista – com o apoio das entidades estudantis vem por meio desta expressar o seu manifesto repúdio à tentativa de um grupo de impetrar uma sindicância ou qualquer outra forma de mecanismos apurativos/punitivos no âmbito administrativo da universidade para os supostos “responsáveis” pelo acontecimento do dia 28 último, quando ocorreu uma manifestação por parte dos estudantes contra a realização da palestra “Aspectos Fundamentais da Cultura Brasileira” realizada pelo CIVI (Curso de introdução à Vida Intelectual), tendo como palestrantes o “príncipe” “Dom” Bertrand e o jornalista José Carlos Sepúlveda.

Nós não reconhecemos como legítimo o procedimento pelo qual se buscou defender a instauração de sindicância, uma vez que este foi realizado através de uma carta apócrifa, isto é, que não vinha assinada por qualquer pessoa ou movimento/entidade política (contrariando o ordenamento jurídico), que além disso correu via facebook, de uma forma que desprivilegia o debate sem se apresentar nos devidos espaços democráticos do movimento estudantil. Imediatamente após o compartilhamento da carta, o Diretório Acadêmico XXI de Setembro, legítimo representante dos discentes do Campus convocou uma Assembleia Geral do Campus, espaço deliberativo legítimo segundo a estruturação política e jurídica universitária para a realização de uma discussão dessa natureza.

A deliberação realizada ao longo de aproximadamente duas horas de discussão foi praticamente unânime, valendo observar que se alguns dos assinantes do “abaixo-assinado online” estava presente não fez questão de manifestar suas opiniões, uma vez que estava aberto o debate a todos aqueles que desejassem se manifestar. Segue o balanço do acontecimento do dia 28 e a posição tomada pelo corpo dos estudantes durante esse debate:

Em primeiro lugar atenta-se para o caráter pacífico projetado pela organização do evento – as entidades e grupos reunidos sob o nome de “Frente Unificada Anti-Monarquista e Anti-Latifundiária”. Esses grupos reunidos no dia 23 de agosto de 2012 desenharam um ato-debateque consistia no chamado para a realização de uma mesa alternativa à que seria realizada no anfiteatro. Inesperadamente surgiu uma grande quantidade quantidade de pessoas – cerca de 250 – reunidas em protesto contra a vinda dos convidados do CIVI.

Não houve nenhum tipo de ameaça de agressão física (inclusive os estudantes abriram corredor para Bertrand se retirar do evento), depredação ao patrimônio da universidade , nem desrespeito à funcionários públicos. No momento em que os manifestantes foram ao evento não houve lideranças, sendo que no calor do momento acabou por explodir um movimento coletivo espontâneo contra os ideais defendidos pelos convidados do evento, vale lembrar aqui, a homofobia, a criminalização dos movimentos sociais, o combate à PEC 438/01 (que combate o trabalho em condições de escravidão) e à criação de assentamentos da reforma agrária e de comunidades quilombolas ; movimento que acabou por implodir o evento, dada a indignação causada pela presença dos dois sujeitos.

A Assembléia reunida repudia a presença desses indivíduos no Campus e afirma que não tolerará qualquer tipo de perseguição ou processo contra supostos organizadores do acontecido ou quaisquer outros estudantes a respeito do fato, além do que demanda esclarecimentos por parte da Direção desse campus e do CIVI com relação ao convite de um grupo político de extrema-direita e envolvido em episódios violentos e obscuros de nossa história recente, membros inclusive da UDR (União Democrática Ruralista) e TFP (Tradição Família e Propriedade), ligados diretamente com a sustentação ideológica do golpe de 64 e do regime militar que a ele se seguiu.

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