Juventude às Ruas!

Fim do massacre ao povo palestino! Fim dos ataques do Estado de Israel à Faixa de Gaza! Palestina LIVRE!!

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Carta Aberta da Assembleia Geral dos Estudantes UNESP/Franca

Abaixo-assinado/ carta-manifesto

O corpo dos estudantes reunidos em Assembléia Geral dos Estudantes da Unesp do Campus de Franca no dia 30 de agosto de 2012 – a maior assmebléia realizada no Campus novo, com 164 pessoas, desconsiderando os presentes que foram embora sem assinar a lista – com o apoio das entidades estudantis vem por meio desta expressar o seu manifesto repúdio à tentativa de um grupo de impetrar uma sindicância ou qualquer outra forma de mecanismos apurativos/punitivos no âmbito administrativo da universidade para os supostos “responsáveis” pelo acontecimento do dia 28 último, quando ocorreu uma manifestação por parte dos estudantes contra a realização da palestra “Aspectos Fundamentais da Cultura Brasileira” realizada pelo CIVI (Curso de introdução à Vida Intelectual), tendo como palestrantes o “príncipe” “Dom” Bertrand e o jornalista José Carlos Sepúlveda.

Nós não reconhecemos como legítimo o procedimento pelo qual se buscou defender a instauração de sindicância, uma vez que este foi realizado através de uma carta apócrifa, isto é, que não vinha assinada por qualquer pessoa ou movimento/entidade política (contrariando o ordenamento jurídico), que além disso correu via facebook, de uma forma que desprivilegia o debate sem se apresentar nos devidos espaços democráticos do movimento estudantil. Imediatamente após o compartilhamento da carta, o Diretório Acadêmico XXI de Setembro, legítimo representante dos discentes do Campus convocou uma Assembleia Geral do Campus, espaço deliberativo legítimo segundo a estruturação política e jurídica universitária para a realização de uma discussão dessa natureza.

A deliberação realizada ao longo de aproximadamente duas horas de discussão foi praticamente unânime, valendo observar que se alguns dos assinantes do “abaixo-assinado online” estava presente não fez questão de manifestar suas opiniões, uma vez que estava aberto o debate a todos aqueles que desejassem se manifestar. Segue o balanço do acontecimento do dia 28 e a posição tomada pelo corpo dos estudantes durante esse debate:

Em primeiro lugar atenta-se para o caráter pacífico projetado pela organização do evento – as entidades e grupos reunidos sob o nome de “Frente Unificada Anti-Monarquista e Anti-Latifundiária”. Esses grupos reunidos no dia 23 de agosto de 2012 desenharam um ato-debateque consistia no chamado para a realização de uma mesa alternativa à que seria realizada no anfiteatro. Inesperadamente surgiu uma grande quantidade quantidade de pessoas – cerca de 250 – reunidas em protesto contra a vinda dos convidados do CIVI.

Não houve nenhum tipo de ameaça de agressão física (inclusive os estudantes abriram corredor para Bertrand se retirar do evento), depredação ao patrimônio da universidade , nem desrespeito à funcionários públicos. No momento em que os manifestantes foram ao evento não houve lideranças, sendo que no calor do momento acabou por explodir um movimento coletivo espontâneo contra os ideais defendidos pelos convidados do evento, vale lembrar aqui, a homofobia, a criminalização dos movimentos sociais, o combate à PEC 438/01 (que combate o trabalho em condições de escravidão) e à criação de assentamentos da reforma agrária e de comunidades quilombolas ; movimento que acabou por implodir o evento, dada a indignação causada pela presença dos dois sujeitos.

A Assembléia reunida repudia a presença desses indivíduos no Campus e afirma que não tolerará qualquer tipo de perseguição ou processo contra supostos organizadores do acontecido ou quaisquer outros estudantes a respeito do fato, além do que demanda esclarecimentos por parte da Direção desse campus e do CIVI com relação ao convite de um grupo político de extrema-direita e envolvido em episódios violentos e obscuros de nossa história recente, membros inclusive da UDR (União Democrática Ruralista) e TFP (Tradição Família e Propriedade), ligados diretamente com a sustentação ideológica do golpe de 64 e do regime militar que a ele se seguiu.

Unesp Franca: Moção de apoio dos estudantes da UNESP de Presidente Prudente

Camaradas, nós como Coletivo de Estudantes de Presidente Prudente, nos colocamos em apoio ao formidável ato realizado, pelo movimento estudantil de Franca, contra Bertrand e Sepulveda, que representam o fascismo que se falsifica de progresso.

Nos colocamos contra a presença da burguesia agrária e a corja ditatorial nas universidades, sendo apresentados como "príncipes". São estes os responsáveis pela desvinculação da terra de função social, uma vez que de modo perverso, objetiva maximizar o potencial produtivo, massacrando as relações sociais do campo e a quem nele resiste. São estes que retiraram os meios de produção dxs trabalhadorxs rurais e agora apoiam a opressão que assola estes trabalhadores expulsos, que agora se concentram nos morros, favelas, periferias das cidades.

A questão dos latifúndios, que se representam pela UDR, ultrapassa o viés econômico e deve ser encarada como o ponto de inicio do racismo uma vez que a concentração de terras possui intima relação com questão étnica e de segregação racial, já que os negros foram as primeiras vítimas das desapropriações com a Lei de Terras de 1850. 

A ditadura militar se caracteriza pelo período em que a discussão da Reforma Agrária foi calada pela voz do autoritarismo e a violência para com os movimentos sociais que buscavam o acesso a terra e para os demais movimentos que se colocavam contra esse regime ditatorial. Sem a necessidade do resgate histórico para a compreensão do papel do movimento estudantil na retomada da “democracia”, nos colocamos contra os que insistem em reverenciá-la e que dessa forma respaldam ainda mais esta “nova ditadura”, que se faz de forma ainda mais eficaz meio ao burocrático e enigmático sistema judiciário contemporâneo.

Por acreditar e defender uma universidade pública de irrestrito acesso aos trabalhadorxs nos colocamos em apoio ao ato realizado pelo movimento estudantil de Franca, já que Bertrand e Sepulveda representam as perspectivas mais brutais de repressão aos trabalhadores: a UDR que os mata no campo e a Ditadura Militar que os torturaram em outrora e agora os criminaliza.

É inadmissível que tal ato apoiado em um contexto histórico tão pertinente e que possibilita o protagonismo dxs trabalhadorxs frente sua demanda intelectual e ideológica na universidade, seja alvo de repressão por parte dos estudantes que compactuam com Bertrand e Sepulveda. Na verdade este posicionamento repressivo de direita, só nos mostra como a universidade deve avançar na questão de seu acesso e sua democracia, pois continua reproduzindo posicionamentos ditatoriais fascistas já conhecidos do movimento estudantil de outras épocas, e que continua e deve continuar a ser combatido.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

CHILE - Basta de violência e abusos sexuais aos que lutam! Duplamente Reprimidas, Duplamente Combativas!

Por Agrupação Combativa Revolucionária (ACR) – Chile 

Nas últimas semanas temos visto como os Carabineros (como são chamados os policiais chilenos) reprimem os secundaristas depois de desalojarem as escolas e colégios que foram ocupados pelos estudantes contra a Lei Hinzpeter que criminaliza quem se manifestar para exigir um direito como é a educação gratuita ou as demandas dos trabalhadores e do povo pobre. 

Depois de serem detidos pelos policiais nas desocupações os jovens têm sofrido abusos sexuais, violência desmedida, são espancados e obrigados a ficarem nus. Uma jovem declarou que vários efetivos das Forças Especiais a golpearam com cassetete, o esfregaram em seu órgão sexual e baixaram as calças em sua frente, esfregando o pênis em seu rosto e corpo durante a transferência para a delegacia, o que durou mais de três horas. 

Em Calama, outro fato soma-se a estas acusações. Quatro alunos denunciaram que foram obrigados a se despirem em frente aos Carabineros recebendo humilhações. Isso também ocorreu em Rancagua, onde estudantes do colégio María Luisa Bombal foram obrigados a se despir numa Delegacia da Sexta Região. As estudantes do colégio Betsabé Hormázabal e Alarcón de San Miguel escreveram uma declaração após a violenta desocupação que viveram, após ocuparem o colégio para reativar a luta pela educação gratuita e de qualidade “na delegacia fomos espancadas, enquanto uma de nós, uma companheira de apenas 16 anos, foi abusada sexualmente dentro de um posto móvel por três policias no caminho até o hospital para verificar as lesões. Toda essa brutalidade, todas essas agressões são respaldadas pelas autoridades municipais”

Desde a Agrupação Combativa Revolucionária, na Universidade de Santiago do Chile (USACH), dizemos basta de violência machista! Devemos nos organizar para colocar fim a todos esses abusos, que estão diretamente ligados com a linha repressiva do governo de direita de Piñera que quer tornar invisíveis os milhares de estudantes que lutam por uma educação gratuita e de qualidade. Dizemos não à lei Hinzpeter que criminaliza estudantes, trabalhadores e a população, dando mais margem à intensificação da repressão enquanto os repressores culpados pelos assédios e pela morte de Manuel Gutiérrez gozam de absoluta liberdade! 

E o que dizem as direções do movimento estudantil? 

Boric (um autonomista) disse acreditar num princípio, que ninguém é culpado até que se prove o contrário. Aqui vemos como as direções não são capazes de fazer uma grande denúncia de todos esses abusos que comentem os policiais (que nas mobilizações de 2011 também estiveram presentes, assim como também reprimiram as mulheres mapuches com estupros e abusos sexuais!) e deixam que a justiça, a mesma que deixou livre o assassino de Manuel Gutierrez, apurem esses fatos. Sabemos que a justiça está à favor dos que dia-a-dia reprimem os secundaristas, universitários, trabalhadores e mulheres! 

Não podemos naturalizar forçar jovens a ficarem nuas nas delegacias! 

Abaixo às leis Pinochetistas que deixam livres os policiais assassinos e violadores! 

Construir uma Agrupação Combativa e Revolucionária que diga NÃO AOS ABUSOS POR PARTE DAS FORÇAS ESPECIAIS! 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O DCE deve levar adiante a campanha contra os processos votada no XI Congresso da USP!



'O XI Congresso dos Estudantes da USP, e o Diretório Central dos Estudantes - Livre Alexandre Vanucchi Leme, aprovou entre suas resoluções uma forte campanha pela retirada de todos os processos contra estudantes, funcionários e professores, pela revogação das eliminações de 8 estudantes e pela reintegração do diretor sindical demitido Brandão.

Tendo em vista que a finalização dos processos indica novas demissões e eliminações para as primeiras semanas de setembro, chamamos em caráter de urgência uma reunião para decidir os rumos dessa campanha, com todas as estaduais paulistas, para o dia 29/8 (4a-feira), no DCE-Livre da USP, assim como com a UNIFESP e demais setores do movimento estudantil e de trabalhadores, os quais sofrem processos de repressão semelhantes por parte dos governos federal e estadual.
- XI Congresso dos estudantes da USP, 26/8/12'

Essa resolução foi aprovada como resultado de uma forte luta política no XI Congresso dos Estudantes da USP, na qual nós das chapas Primavera nos Dentes, impulsionadas pela Juventude Às Ruas e independentes, ocupamos, junto a outros delegados, a linha de frente, e que foi apoiada por outras dezenas de delegados de toda a USP. Este chamado é fundamental para concretizar o ato, debates, campanha de cartazes, boletins, festival artístico, e outras medidas aprovadas como parte dessa campanha pelo fim de todos os processos na USP, e pela reintegração dos estudantes eliminados e de Brandão.

No entanto, a gestão do DCE, que no congresso foi contrária a que a repressão fosse eixo prioritário de campanha, colocando isso em oposição à luta por democracia, como fez ao longo de toda a preparação do congresso, está divulgando notas comemorando a vitória do congresso, falando somente de "uma grande campanha pela democratização da universidade", e por enquanto não está convocando está reunião, marcada para amanhã.

O que definirá se o XI Congresso dos Estudantes foi ou não uma "grande vitória", será sua capacidade de construir uma ampla mobilização para barrar os ataques da reitoria. Por isso, o DCE deve convocar e construir essa reunião, fundamental para levar adiante essa campanha congressual, para impedir que Rodas imponha uma forte derrota ao conjunto do movimento estudantil e de trabalhadores com mais dezenas de eliminações, e assim se possa seguir lutando contra a ditadura de ontem e hoje na USP, que vive em sua estrutura de poder e na repressão aos que lutam. No mesmo sentido, chamamos todo o movimento estudantil, ativistas e entidades, a participar dessa reunião e construir essa campanha.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Mais um ataque reacionário da Igreja contra os oprimidos! Nenhum passo atrás pela luta aos nossos direitos!

Por Juventude às Ruas Campinas

A corrida eleitoral mal começou na cidade ainda calejada pela crise política de corrupção que veio a tona em 2011 e já nos deparamos com um ataque de um dos setores mais reacionários da sociedade: a Igreja Católica. O Arcebispo Metropolitano de Campinas, Dom Airton José dos Santos, escreveu uma carta na qual orienta os fiéis da Igreja Católica a levarem em conta o posicionamento dos candidatos em relação ao aborto na hora de votar. O material é direcionado a paróquias, comunidades e a todos os fiéis católicos; nesse caso se referindo diretamente a candidata do PSTU, Silvia Ferraro, que defendeu o direito ao aborto em seu programa político para cidade.
Essa expressão reacionária da Igreja não é uma ação isolada dessas eleições, sendo sintomático como essa instituição vêm se utilizando dos momentos de eleição para barganhar acordos espúrios com candidatos e partidos para transformar sua ideologia reacionária em política de Estado. Nesse sentido, as organizações de esquerda devem encarar um debate tão fundamental como o direito ao aborto, não como um simples apêndice de campanha eleitoral – conveniente em momentos específicos - mas como uma questão crucial que devemos levar de maneira permanente nas universidades, escolas, sindicato e locais de trabalho. Em um momento tão crucial como esse, se transforma em absurdo o silêncio do PSOL e de seu candidato Arlei Medeiros. A posição eleitoreira dessa organização, se adaptando aos setores mais reacionários da sociedade, em nada ajuda ao avanço da luta dos setores oprimidos.
Se manter indiferente em momento que a Igreja desfere mais um ataque contra os direitos das mulheres apenas colabora para o entrelaçamento entre a Igreja e Estado, e conseqüentemente a intensificação da ofensiva reacionária sobre as mulheres. Os demais candidatos se posicionaram contra o aborto e a favor do arcebispo reacionário, mostram que não estão ao lado das mulheres e que fecham os olhos diante das milhares de mortes que ocorrem em nosso país.
As eleições devem ser um espaço aberto para que se levantem programas que coloquem as demandas dos setores oprimidos e explorados, enquanto tática que propagandeie ideias, considerando que o parlamento deva ser espaço de denúncia, pois como diria Lenin, nas eleições escolhemos quem vai nos explorar pelos próximos 4 anos. Mas para haver uma transformação estrutural dos pilares desta sociedade os setores mais explorados e oprimidos devem confiar em suas próprias forças, se auto-organizando, enquanto sujeitos e não depositando confianças nos governos burgueses.
A Igreja se mostra mais uma vez como de “hábito” inimiga dos oprimidos, assim como em 2009, quando o arcepispo de Olinda, José Cardoso Sobrinho, excomungou os responsáveis pelo aborto de uma menina de 9 anos, que havia sido estuprada pelo padrasto.
Colocamo-nos ao lado dos que lutam em defesa dos direitos das mulheres e lembramos que desde as eleições para presidente ocorre um giro reacionário em relação aos direitos democráticos. Dilma que prometia defender os direitos das mulheres fez uma campanha reacionária para acordar com os dirigentes das Igrejas evangélicas e católicas e não perder votos. E mantém os privilégios da Igreja através do Acordo Brasil-Vaticano assinado em 2008 por Lula, o artigo 11 º do Acordo aumenta as garantias da Igreja Católica de manutenção das aulas de religião nas escolas públicas e o artigo 8º garante à Igreja católica o direito de prestar serviços de “assistência espiritual aos fiéis internados em estabelecimentos de saúde, de assistência social, de educação ou similar, ou detidos em estabelecimento prisional ou similar, observadas as normas de cada estabelecimento, e que, por essa razão, estejam impedidos de exercer em condições normais a prática religiosa e a requeiram”. Porém, se pegarmos a questão do aborto, o que se vê na prática de hoje é que o ‘plantão’ religioso em hospitais, de modo geral tolerado, tem funcionado como espaço para a pregação e pressão sobre as consciências. Como assegurar que agentes religiosos/as contenham ímpetos homofóbicos, lesbofóbicos, ou de pregar a família heterossexual monogâmica como ideal único? E no final de 2011 Dilma baixou uma medida provisória que significa uma “caça às bruxas” às mulheres que engravidam. A MP 577 é uma medida provisória que cria um sistema de cadastro das mulheres grávidas obrigando os estabelecimentos de saúde públicos ou privados a cadastrarem as mulheres grávidas e puérperes, possibilitando a futura criminalização dessas mulheres.
Além da descriminalização do aborto, é necessário defender também a legalização deste, para que todas as mulheres, inclusive as pobres, possam realizá-lo em condições adequadas gratuitamente e sem se sentirem mal vistas, além do direito ao acesso a anticoncepcionais de qualidade e educação sexual nas escolas. É um equívoco pensar que a legalização tem como conseqüência o aumento do número de abortos, pois nos países onde a medida foi adotada, as taxas caíram com o passar do tempo, o mesmo ocorreu com os índices de mortalidade materna visto que as mulheres passaram a ter acesso a atendimento de qualidade. A criminalização do aborto no caso de escolha pessoal da mulher é uma forma do estado e da classe dominante violentar as mulheres através da ideologia de que nossas vidas estão diretamente vinculadas à reprodução e à constituição da família. Neste sentido entendemos que o direito ao aborto é um direito democrático a todas as mulheres de exercerem livremente sua sexualidade. A Igreja, com seu reacionário ataque, através do bispo, no entanto, nos abre a chance de debater acerca de um tema relevante tanto para as mulheres, quanto para a classe trabalhadora, pois devemos ser intransigentes na luta pelos direitos democráticos das mulheres para arrancá-los através de uma campanha permanente. Neste sentido, nos colocamos ao lado daqueles que lutam irredutivelmente em defesa desses direitos.

- Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos!
- Aborto legal, livre, seguro e gratuito para não morrer! 
- Revogação do Acordo Brasil-Vaticano!
- Separação da Igreja e do Estado!




terça-feira, 21 de agosto de 2012

Por uma Frente-Unica anti-monarquista e anti-latifundiária.

Em defesa da reforma agrária, contra a opressão sexual, racial e de gênero e por uma universidade pública à serviço da classe trabalhadora

Infelizmente, a Universidade Pública não serve aos interesses da população. Mesmo sendo sustentada pelos impostos dos trabalhadores, não são estes os que sentam nos bancos da Universidade Pública. O vestibular e, como beneficiadas diretas deste, as Universidades Particulares, são os principais obstáculos - junto da burocracia universitária, sua estrutura de poder e os governos - para que a classe trabalhadora, os camponeses e o povo negro tenham acesso à Universidade Pública. Dentro dos muros dessa universidade elitista, a ideologia hegemônica é a ideológica da classe dominante - dos patrões, latifundiários e banqueiros; os currículos, as pesquisas, a maioria das extensões e o programa dos cursos estão voltados aos interesses e formação dos futuros gestores da miséria e da exploração do Estado capitalista, assim como dos futuros patrões e latifundiários.

Porém, para se sustentar em meio a essa contradição, a burocracia da Universidade e o governo do Estado precisam passar uma imagem de um espaço "democrático" e "plural", permitindo a presença de alguns setores de intelectuais e de estudantes que questionem essa lógica e proponham reflexões contra-hegemônicas (mas essa permissão "democrática" se dá apenas enquanto essas reflexões não se transformam em práticas que possam subverter esse modelo de Universidade baseado na contradição de uma sociedade de classes e que está a serviço de uma minoria. A partir do momento que essas reflexões passam a interferir na correlação de forças, os gestores da Universidade não se negam a utilizar da força, da autoridade, da repressão, de leis e normas ditatoriais para eliminar tais elementos, como vemos com maior destaque hoje, na USP). A esse setor minoritário nessa universidade elitizada cabe a responsabilidade de ser linha de frente no combate por uma Universidade à serviço da classe trabalhadora e ser o porta-voz na defesa dos interesses dxs trabalhadorxs, dxs camponesxs e dos oprimidos.

É nesse cenário que o CIVI busca se apoiar (tendo como co-orientador o próprio diretor da faculdade, Fernando Fernandes) para imprimir um ataque à classe trabalhadora fortalecendo o discurso e a ideologia anti-operária e opressora na Universidade, onde abre espaço para ninguém menos do que Bertrand de Orleans e Bragança, auto-proclamado príncipe, dirigente da UDR (União Democrática Ruralista) que tem como objetivo: "reunir os grandes proprietários de terra para impedir a reforma agrária" se orgulhando da sua disposição beligerante no campo e das 640 mortes de sem-terras no seu momento de maior apogeu, entre 1985 e 1989 (matéria auto-proclamatória da Revista Veja de 26 de março de 2003 "A guerra aqui é de outro tipo. Com o MST mais desinibido e influente no governo petista, fazendeiros do país começam a formar suas milícias privadas"). Veja também o site de Bertrand: http://paznocampo.org.br/, onde ele ensina como os grandes latifundiários devem combater os indígenas, os quilombolas, as pastorais e os sem-terras. O outro convidado do CIVI é José Carlos Sepúlveda, jornalista monarquista e um dos fundadores da TFP (Tradição, Família e Propriedade), organização que liderou a Marcha da Família com Deus e pela "Liberdade", movimento que apoiou e fortaleceu o Golpe Militar de 1964, que assassinou e torturou milhares de trabalhadores, camponeses e jovens que lutavam..... pela liberdade. A TFP também se orgulha de ter estado ao lado da situação (ditadura militar) nos anos 70 e 80 (UOL, 27 de março de 2012, "Justiça mantém grupo dissidente na direção da TFP"). Veja também a página da TFP:http://www.tfp.org.br/ e o site com o "clássico" que rege a ideologia desses setores (Plinio Corrêa de Oliveira): http://www.ipco.org.br/home/tag/direito-de-propriedade.

É obrigação de todxs aquelxs que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária impedir que tamanho anacronismo inunde de excrescências o espaço da Universidade que pertence historicamente à classe trabalhadora. Nesse sentido, nós, da Juventude às RUAS (LER-QI e independentes) fazemos um amplo chamado à todxs xs professorxs que se identificam com a luta da classe trabalhadora e dos camponeses a se manifestarem aberta e publicamente contra esse evento (que esta sendo divulgado orgulhosamente pela Reitoria da UNESP: http://www.unesp.br/noticia.php?artigo=8999). Chamamos também todos os setores de esquerda organizados da UNESP: Consulta Popular, PSOL/Domínio Público, anarquistas, PCB, entidades estudantis (Moradia, DA, CASS, entre outras) e grupos de extensão comunicativa (NATRA, NEDA, GAPAF, GEDE, entre outras) a organizarmos umareunião na quinta-feira, dia 24/08, as 18:00, no espaço da “Várzea” para prepararmos uma ampla frente-única anti-monarquista, em defesa da reforma agrária, por uma Universidade Pública à serviço da classe trabalhadora e pelo direito das mulheres, dos negrxs e dxs homossexuais!

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Por um movimento estudantil que lute em defesa do direito de greve, contra os cortes de pontos e pela unificação nacional da greve do funcionalismo público

Por Ana Carolina Oliveira e Lívia Barbosa - estudante de História da UFRJ

Para os professores das universidades federais o governo tem tido uma política diferenciada. Depois de muita enrolação para abrir a negociação, como medida para desgastar a greve, o governo fez duas propostas de aumento salarial acima da inflação (sobretudo à parcela superior dos docentes) e uma proposta de mudança na estrutura das carreiras, ambas rechaçadas nas assembleias por não atenderem a pauta de deliberação proposta. Enquanto que para técnicos ignorou-se a greve até onde pode, continua-se pressionando para que as reitorias cortem os pontos e na última semana propôs um aumento irrisório de 15% em 3 anos, que não significa um aumento real e não resolve os problemas estruturais fundamentais da precarização do trabalho colocadas nas universidades, ainda mais depois da implementação do REUNI.

Nem falar da greve estudantil, a qual o governo ignorou, passando por cima do Comando Nacional dos Estudantes em greve, representação legitima da greve, para negociar com o braço governista no Movimento Estudantil a UNE na ten tati va de desviar a luta, e agora mesmo após a negociação com CNGE ignora as pautas e coloca como proposta o SIMEC – Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle, um sistema de coleta de dados, construído pelo MEC com o objetivo de “consolidar a expansão e o REUNI”. Ou seja, um banco de dados, uma resposta técnica para uma greve em defesa da educação pública e contra a precarização do REUNI. Essas informações sobre como está sendo aplicado o REUNI já deveria ser obrigação do governo, afinal já são 5 anos – ou o governo não tem sequer um acompanhamento da execução das (insuficientes) verbas? Isso demonstra a continuidade da política precarizante e privatizante do governo para a educação, pois é uma mostra de que o governo não vai atender as demandas dos estudantes em greve, pois dados estatísticos não enchem a barriga dos estudantes, não constroem moradias estudantis, não constroem laboratórios nem hospitais universitários, só para mencionar algumas demandas da nossa greve.

O motivo pelo qual o governo faz maiores concessões para os professores universitários para nada pode ser confundido com maior valorização desta categoria ou prioridade para a educação. A chave desta política diferenciada está na disputa pela opinião e isso é peça chave fundamental nas eleições onde a principal aposta do PT é eleger Haddad (ex ministro da educação) no principal colégio eleitoral do país e fortaleza eleitoral do PSDB há anos.

É neste campo que o governo busca urgentemente recuperar posição, mas não faz isso só com a disputa da opinião pública, conta com seu aliado na categoria de professores - o PROIFES - que saiu da greve defendendo a proposta do governo, tentando com isso causar rupturas tentando que várias universidades saiam da greve, o que não conseguiu até o momento.

Por um movimento estudantil que lute em defesa do direito de greve, contra os cortes de pontos e pela unificação nacional da greve do funcionalismo público

Em vários estados do país, os estudantes, servidores e professores seguem firme na greve, radicalizando nos métodos para pressionar o governo e reitorias, com piquetes diários e ocupações de reitorias, tal como na UFES, UFRJ, UFMS, UFPel, UFPI, UFSM. Na UFRJ a ocupação do Canecão, histórica casa de shows desativada há alguns anos foi recuperada das mãos da iniciativa privada, e colocada a serviço da luta pelos estudantes, sendo a principal via de divulgação nacional da greve estudantil.

O peso e importância que tem a greve nacional da educação têm na greve dos servidores públicos do país, tem a responsabilidade de não se limitar a defender só suas próprias pautas, deve estar a serviço da unificação real das lutas e da solidariedade ativa aos trabalhadores que estão sendo atacados no direito elementar de fazer greve. A solidariedade e unificação, não pode se dar por cima, pelos sindicatos e atos unificados e seguir no dia lutando em separado no dia a dia, cada com contra seu ministério, como vem levando a luta as direções governistas como a CUT e CTB, mas também a esquerda anti-governista PSOL e PSTU que dirigem o Andes e também tem peso de direção no movimento estudantil e no CNGE. O ataque aos trabalhadores é um ataque a toda a juventude e defender os setores que estão sendo atacados pelo governo hoje, é parte da defesa de um outro projeto de educação e de universidade a serviço da classe trabalhadora e do povo pobre.

Diante da crise mundial e dos ataques preparatórios do governo, a tarefa da juventude e do movimento estudantil, é colocar a força do ativismo estudantil a serviço de defender os servidores públicos em greve. A tarefa colocada é de organizar desde o ME uma ampla solidariedade ativa em cada cidade com o conjunto dos servidores em greve para barrar os cortes de pontos, defender o direito de greve e que todas as reivindicações sejam atendidas. Se atacam um, atacam todos.

SENADO APROVA 50% DE COTAS SOCIAIS E RACIAIS - Lutemos pela imediata aplicação junto a permanência estudantil como parte da luta pelo livre acesso

Por Ana Carolina Oliveira e Clarissa Menezes - estudante de Ciências Sociais da UFRJ

Foi aprovado no Senado no último dia 08 o PLC 180/2008 que prevê que 50% das vagas das universidades e institutos federais sejam reservadas para cotas raciais e sociais. Encaminhado para a sanção da presidente Dilma Rousseff, este projeto de Lei Complementar, apesar de não atender às reais necessidades da juventude pobre e negra de nosso país, consideramos que é um passo na luta pelo acesso dessa juventude na universidade, atualmente muito mais elitista e racista. Apesar de poder se configurar como um avanço, diante da realidade de nosso país, tem muitas contradições. A primeira delas é que as vagas são poucas em proporção aos estudantes que se formam no ensino médio público, ainda mais considerando que 85% do total de matrículas no ensino médio no Brasil são em escolas públicas.

Mesmo que o projeto de lei não seja vetado por Dilma, não podemos ter nenhuma confiança de que as elites racistas do país irão implementá-lo, como ficou demonstrado em várias universidades em que setores proto- fascistas se organizaram para combater a implementação das cotas. Por mais mínimas e insuficientes que sejam as concessões contidas nesse projeto – na medida em que foram restringidas de acordo às necessidade de um pacto pacífico com as elites racistas do país, ficando longe de responder às demandas da maioria esmagadora dos negros pobres que vivem nas favelas e são submetidos aos trabalhos mais precários – mesmo essas demandas mais mínimas devem servir para motorizar a luta de classes independente do povo negro e da classe trabalhadora contra a burguesia.

Ou seja, mesmo que represente um avanço, uma medida que possibilitaria – se sancionada e posta em prática – que mais jovens pobres, negros e indígenas ingressem no ensino público federal, porém mesmo este aumento do ingresso com estas cotas está muito aquém da realidade não somente de quantos jovens estão não escola pública no país, e também está muito longe da porcentagem da população jovem negra em estados como a Bahia, por exemplo, por isso consideramos que ainda está muito aquém da realidade! Mesmo que Dilma aprovasse a PLC sem vetos (o que achamos improvável, pois a colocaria em maus lençóis com a elite branca de diversas cidades em ano eleitoral) nossa tarefa é exigir que essa medida seja aplicada imediatamente para 2013! Também é necessário que haja política de permanência estudantil para todos os jovens que ingressarem, e para todos que já estão na universidade pública e correm o risco de não conseguirem seguir com os estudos. Mas também devemos exigir que em todos os campi haja bandejões, alojamentos e bolsas para os 50% de estudantes ingressantes, e para todos aqueles que já ingressaram, mas não tem condições de seguir estudando.

As cotas raciais e sociais nas universidades são demandas mínimas do povo pobre, negro e indígena, e mesmo nos avanços que tiveram e na incorporação de cotas em algumas universidades, não respondem às necessidades da maioria esmagadora dos negros que seguem vivendo em condições de miséria, ocupando os postos de trabalho mais precários e sendo reprimidos e assassinadas cotidianamente pela polícia. A real luta pela democratização do ensino, tem que estar ligadas com a luta pelo fim de vestibular/SiSu, que segue sendo um filtro social que impede a maioria dos filhos da classe trabalhadora de entrarem nas universidades, aliado à luta pela estatização das universidades privadas, que enchem seus bolsos de dinheiro com subsidio do governo e com o endividamento de milhares de jovens. Não podemos deixar nas mãos do governo o discurso de democratização da educação, enquanto seguem assassinando milhares de jovens nas periferias. Essa demanda mínima tem que estar a serviço da organização independente dos negros em aliança com a classe trabalhadora e os indígenas, e ligadas à luta por moradia, saúde, terra, cultura e lazer.