terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Na cracolândia e na USP: aos indesejáveis um só metodo; O porrete!


Após todo processo de luta desencadeado na Universidade de São Paulo durante o fim do ano, cujo estopim foi a tentativa de prisão de 3 estudantes no dia 27 de outubro, seguida de diversos exemplos do papel repressivo da Pm no campus, como a invasão por 400 policiais que coroaram o projeto da reitoria de avançar na militarização da USP, a PM mostra, mais uma vez, aos que duvidaram, a que veio.

 
Policial ameaça com arma e agride estudante na USP;
Neste dia 9 de janeiro, Nicolas, jovem negro, estudante deCiências da natureza da Usp foi agredido aos tapas e ameaçado com uma pistolapor um destes supostos “policiais preparados” para lidar com um ambiente“comunitário”.

Toda a ação foi filmada -Aqui- e, como era de se esperar,tanto a reação do policial - que aos berros dizia que era “Polícia” e não tinhafeito nada de errado nem temia a corregedoria- quanto a posterior abordagem damídia, em caracterizar Nicolas como um “suposto” estudante, já eram esperadospor aqueles que se enfretaram com exemplos, truculência e repressão deste tipopor mais de 3 meses.

O que está por detrás da abordagem deste jovem negro,“mal-vestido” e de Dread/Rastafari na Usp?

Nicolas, não coincidentemente foi abordado pelo policialque, naquele momento e em geral, seguiu um procedimento da PM, que não éexceção nas divisões de elite dos 400 que invadiram a USP ou dos 100 queentraram na cracolândia, nem nos tão “preparados policiais comunitários”. Estaé a política do racismo e da discriminação entre “normais” e os “indesejáveis”que norteia a Polícia.

A Pm é uma instituição reacionária, autoritária e violenta,filha direta da Ditadura Militar. Nas estrelas presentes em seu brasão de armasde mais de 181 anos, comemoram a repressão a Canudos - levante Popularorganizado em contraposição à ordem vigente-, às greves operárias de 1917 ecomemoram até mesmo o Golpe militar de 1964.
Isto porque seu caráter, a despeito do que dizem osdefensores desta democracia dos ricos é o caráter de um organismo a serviço deuma classe: a dos patrões.
Isso implica que seu principal objetivo é garantir osinteresses, lucros, empresas, locais de estudos e posses destes grandesmagnatas e senhores, por quais vias forem necessárias.

Não é preciso procurar demais. Basta observar o papel quecumprem nas periferias de todas as cidades, nos morros cariocas, nos conflitosno campo, nas greves de trabalhadores em que dissolvem piquetes- o que jáocorreu na USP, em Jirau, com professores, etc-, e, não surpreendentemente, nasUniversidades e cracolândias por todo o país.

Nicolas, um jovem negro e pobre não poderia ter outrodestino que não ser abordado e agredido tanto pela PM, quanto pela reacionáriaguarda universitária, a serviço da reitoria. Este é o método comum em todas asperiferias e, na Usp, uma universidade pensada, organizada e cujo acesso epermanência são somente acessíveis às camadas mais altas da sociedade, com tais“elementos”, só poderia se expressar o racismo corriqueiro da polícia cujasraízes remetem ao escravagismo do império.

O “indesejável” ao se dirigir ao capataz, tal como uma bestaque se dirige ao ser civilizado, deve ser neutralizado e eliminado paragarantir a manutenção da ordem imposta pela casa grande. Esta é a lógica daditadura militar escravagista e é a serviço disto que está a repressão na USPque conta, hoje, com 73 presos e processados políticos e 6 expulsões porlutarem contra tal projeto.

A Reitoria da USP, com seus quadros e monumentos emhomenagem à ditadura militar visa impor um choque de ordem aos “elementosindesejáveis” na USP, tal como o Governo do estado impõe sua ordem aos“indesejáveis” da Cracolândia!
Há alguns meses a reitoria tentou iniciar a construção de umdito “monumento à REVOLUÇÃO de 64”, comemorando a data memorável do golpe daditadura... Igualmente foram veiculados imagens de quadros de “presidentes”reitores da ditadura Militar, como Gama e Silva, nas salas da reitoria... Nãobastassem estes elementos tão emblemáticos, numerosos são os exemplos deataques aos estudantes e trabalhadores na USP.

Demissões, agressões, ameaças com armas de fogo, PM'satacando piquetes de greve de trabalhadores, amordaçando estudantes, etc, sãoimagens que caracterizam a USP no último período, sendo os últimos mesesexemplos cabais disto.

Já está mais do que claro que a presença policial no campusda USP tem um sentido político e repressivo. É uma encomenda especial doGoverno do estado, aplicada pelo carrasco Reitor Rodas, para calar os setoresque questionam um projeto de Universidade racista, elitista - que exclue amaioria da população com seu vestibular, em especial os negros da periferia-, evoltado aos interesses das grandes empresas.
Historicamente, um setor de resistência tem se organizado ecombatido este projeto, no sentido de buscar abrir o debate acerca de queUniversidade precisamos e a serviço de quem. São calados às balas, bombas eprisões, tal como os capatazes escravagistas tratavam suas propriedadesfugitivas.

Paralelamente a isto, Alckmin e o oficialato da Pmprepararam um plano de higienização social maquiado como “revitalização” daregião conhecida como cracolância, cujos objetivos obscuros podem muito bemestar a serviço de uma “limpeza social” pré-olímpiadas as custas da opressão erepressão de todos os moradores da região, vítimas desta miséria de vida quenos impõe.

Por lá, os métodos são bem parecidos. Não faltam balas,tiros, tapas na cara, ofensas e ameaças.
A PM tem estabelecido uma presença ostensiva contando atémesmo com o aparato da tropa de choque e da cavalaria - verdadeiros “capitãesdo mato”, caçadores de escravos modernos- para garantir que as “vias sejamliberadas” e que, pela “dor e sofrimento”, segundo as palavras do próprio“secretário de defesa da cidadania”, possam “superar” sua situação miserável.

As imagens de terror, armas nos rostos, socos e pontapés edenúncias de execuções sumárias por parte da PM também não faltam, assim comoem todas as periferias e nas lutas populares. A justificativa do senso comum edas ditas “autoridades” é que são viciados e um setor “descontrolado” dasociedade.

As razões de tal repressão, sabemos, advém de que aoscapitalistas é necessário esconder estes pobres miseráveis, os quais são aexpressão mais aguda e mais cruel de um princípio do capitalismo: Ou você“vence” na vida e lucra, ou está abandonado a sua própria sorte por ser umperdedor.
Abandonados, não lhes resta nada além das drogas, damiséria, da prostituição e das ruas.
São a expressão concretizada do destino que o capitalismoreserva a toda civilização. O abandono, isolamento e a miséria.
O Estado, num ato de bondade cívica aplaudido por todos osmeios reacionários, vem lhes dar um presente de ano novo e um “incentivo àcivilização” na forma de lacrimogênio.

Pela Usp, o núcleo de consciência Negra - NCN- cujaresistência perdura há vários anos e tenta ser um contraponto à políticasegregacionista e elitista da Instituição e seus dirigentes “máximos”, tem sidoameaçado de perder sua sede e não ter para aonde ir, para, assim, dar lugar aum projeto de “revitalização” das estruturas...que não incluem o único núcleode Negros!!!

Alguma semelhança?
  
A ditadura Militar, abençoada pelo PSDB e pela Reitoria daUSP tem de acabar!
Não é de se estranhar que a Polícia aja desta maneira. Narealidade, a ação repressiva faz parte de um projeto de Universidade- e deestado- que vira as costas para a maioria trabalhadora da sociedade e buscasubmeter os trabalhadores e estudantes de baixa renda e resistentes a estaelitização.
A terceirização, que estabelece trabalhos exaustivos esalários de miséria, com assédio moral, etc; as demissões que continuam demaneira arbitrária; expulsões de alunos; processos e demissõesinconstitucionais; tudo isto é o exemplo de uma estrutura arcairca eretrógrada, cuja manutenção tem a benção de um governo igualmente autoritário eretrógrado como o do PSDB e sua corja, cujas desocupações de sem-teto,repressão a greves de trabalhadores e a movimentos populares são bem conhecidosde toda a população.

A comunidade Universitária, em nenhuma instância, pode sefazer representar de maneira relevante e, sendo assim, cabe a um pequeno grupode seletos iluminados, todos orbitando a figura do REItor decidir o que, quando,onde e de que maneira se organizar, financiar e estabelecer as prioridades daUSP.

De 100 mil membros da USP, 300 tem poder de decisão. Dos 12milhões de cidadãos de São Paulo, o governo do estado - que transfere Bilhõespara grandes empresas e seus negócios-, através de seu vestibular, permite quetenham acesso à USP apenas 9 mil.
Nenhum deles será da Cracolândia, poucos serão negros e daperiferia e os que forem, certamente, sofrerão com falta de condições paramanter seus estudos, falta de moradia e muita repressão quando lutarem por algoneste sentido...

Recentemente, o movimento estudantil da USP tem se colocadoem pé de questionamento, organizando ações e uma greve para garantir a saída daPM do campus tendo avançado no questionamento da estrutura do acesso e de poderna USP.
É necessário avançar na luta por uma Estatuinte que varra daUSP estes dejetos ditatoriais, debata e decida sobre os objetivos, problemas ediretrizes da USP, que precisa estar a serviço dos trabalhadores: a maioria da população.

Igualmente, só um governo da Usp, baseado em conselhos dosestudantes, trabalhadores e professores, na proporção de sua presença nauniversidade, ligados as organizações dos trabalhadores e movimentos popularesserá capaz de organizar uma Universidade não elitista e que se desprenda daLógica de benefício ao mercado e exclusão da massa de baixa renda queverdadeiramente financia a universidade pública.

Por enquanto, nas imediações do belo campus Butantã, dentrodo circo de operações dos magnatas hipócritas do governo, Nicolas, agredido eameaçado com tapas e uma pistola, é levado a crer que os policiais agressoresserão, supostamente, afastados numa manobra hipócrita que visa maquiar overdadeiro sentido “agressor” da repressão; há poucos metros da Universidade,na favela da São Remo, Cícera, trabalhadora terceirizada, assassinada pela Pmcom um tiro na cabeça, não tem tanta sorte.

Enquando na USP, há a agressão e o suposto “afastamento”, nafavela São Remo, há o corpo negro estirado no chão.

Numa, maqueia-se a segregação social que, inusitadamente, écaptada pelas câmeras, noutra, as câmeras e imagens não resistem ao massacrecotidiano e, por lá, a "autoridade" não tem nada a esconder. É só obom e velho "Mocinho e Bandido": De cinza é "mocinho";qualquer tom de negro, é inimigo. Uma dica da ditadura.

Dois lados da mesma moeda. Duas ações da mesma hipocrisia.Uma ação de classe de costas para a outra. A ação da classe dos que queremeliminar as vozes que distoam, as palavras que discordam e os oprimidos queresistem.

NÃO PASSARÃO!


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