terça-feira, 1 de novembro de 2011

Lênin na FFLCH e Reinaldo Azevedo de roupão

Não há mais tolos boquiabertos
 esperando a palavra do "mestre".
Dai-nos, camaradas, uma arte nova 
- nova - 
que arranque a República da escória. 
(Maiakovsky – Ordem n°2 ao Exército das Artes)  

Reinaldo Azevedo posando em foto com José Serra

Saiu na mídia em tom de deboche, que os estudantes da FFLCH estavam na suas atividades de ocupação, discutindo além das questões referentes a legalização das drogas, o livroO Estado e a Revolução de Lênin. "Ora, mais estes estudantes! Param a universidade para fumar um banza e ficar conspirando como vão tomar o poder!". Era este o conteúdo de fundo. 

Em alguma poltrona confortável, não muito longe das redações destes grandes jornais, Reinaldo Azevedo (colunista da Revista Veja), no seu blog com ares de publicista moderno atacava na mesma linha - só que bem mais clara - de que está na hora de expulsar e prender não só os estudantes ocupados mais também os malditos professores que não estão chamando a reintegração de posse e capitulam perante os que "vivem no século XIX".

Azevedo escreve de maneira bem mais clara não porque o texto sai no seu blog pessoal, e lá ele faz o que quiser. Ingênuo de quem olha para ele vê simplesmente um intelectual bonachão que quer combinar o chapéu com a casacaantes de sair de casa e fica polemizando com todo mundo para solucionar o seu ego inflado. Representa sim um setor social concentrado da burguesia paulistana que quer varrer do câmpus do Butantã toda organização política em torno do SINTUSP e dos estudantes que lutam contra a universidade elitista que é a USP hoje. 

A presença da polícia militar na universidade para ele não têm nada a ver com a segurança mais sim como forma de intimidação a qualquer tipo de ação e organização destes trabalhadores e estudantes. A USP para estes grandes empresários, que gracejam para Azevedo no lançamento dos seus livros é o laboratório já todo custeado pelos impostos dos trabalhadores onde vão poder economizar milhões. Laboratório não só científico mais político, onde se testa neste momento, por exemplo, até onde as forças repressivas ainda podem se impor a sociedade brasileira, com uma ditadura militar recente que tenta ser apagada a todo custo da memória dos trabalhadores, dos estudantes e da nova intelectualidade que esta se forjando.

Do outro lado os estudantes ocupados, que tem amigos "menos influentes", alguns professores, o SINTUSP e as trabalhadoras e trabalhadores terceirizados da limpeza que estão começando a se levantar contra o regime de semi-escravidão desta USP que está muito longe de estar acima da sociedade. Quem tenta manter a USP longe da sociedade e dos trabalhadores não são os estudantes mas a reitoria e a burocracia acadêmica. Estas querem mantera pólis segura. A elite ali andando de terno e gravata e o restante lá fora, para fora do P1. Se alguém de fora entrar tem de ficar em silêncio e de cabeça baixa pelos corredores, sem conversar com os estudantes e com os outros trabalhadores. (regulamento imposto às trabalhadoras terceirizadas!).

Azevedo usa sua "inteligência" para defender este projeto de universidade, usa sua agudeza provocativa para enriquecer os reis da mina. Centenas de estudantes escolhem o outro lado. Seus corpos e seu conhecimentocontra os exploradores. Discutem nos saguões da FFLCH as verdades mais cruas, estampadas no convívio social ha já alguns milênios e que no século XIX (sem aspas) com o marxismo "tomou corpo didático": 
"De onde vem a necessidade de corpos especiais de homens armados (polícia, exército permanente), separados da sociedade e superiores a ela? Os filisteus da Europa ocidental e da Rússia respondem, muito naturalmente, a essapergunta, por uma ou duas frases colhidas em Spencer ou em Mikhailovsky, e alegam a complicação crescente da vida social, a diferenciação das funções sociais, etc. Essas alegações parecem "científicas" e tranquilizam admiravelmente o bom público, obscurecendo o principal, o essencial: a cisão da sociedade em classes irreconciliavelmente inimigas" - Lênin - O Estado e a Revolução.

 Simples para quem quer ver. A juventude tem de tomar das mãos destes intelectuais de roupão os teclados para denunciar a opressão e exploração do Estado Capitalista! Questionar a universidade de classes para questionar a sociedade de classes!

Todo apoio a ocupação da diretoria da FFLCH!
Abaixo a militarização da USP e das periferias!
Pelo fim dos processos aos estudantes e trabalhadores do SINTUSP!
Por uma universidade a serviço dos trabalhadores e do povo pobre!


 Por   Antonio Quiozini - militante da Ler-qi e da Juventude ÀS RUAS


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