quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Carta-chamado aos professores da FAFICH-UFMG para que se posicionem com relação ao acontecido na Universidade de São Paulo (USP) no último dia 08/11 quando a Polícia Militar do Estado de São Paulo desocupou a reitoria e prendeu 73 estudantes com cerca de 400 soldados do Batalhão de Choque da PM-SP


Nesse fato isolado, vemos desmascarada uma tensão sob a qual todos tem colocado “panos quentes” dentro da universidade, oriunda das contradições correspondentes à uma estrutura de ensino burocrática e excludente para população em geral, e centralmente, para classe trabalhadora e os mais pobres; além de um regime disciplinar extremamente exigente e repressor. Quando um setor da universidade (não apenas estudantes, mas funcionários e alguns professores também) se põe contra o acordo da reitoria com a polícia militar, pois este só aumenta a repressão na universidade, com revistas vexatórias, intimidações, homofobia, etc., e denunciam o caráter contraditório da universidade no seu contexto social, ou seja, uma universidade dita “pública” mas completamente fechada aos interesses e necessidades do povo e da classe trabalhadora, que reprime o livre pensamento e seus necessários desdobramentos práticos e políticos, são desalojados de sua ocupação de forma violenta, pelo batalhão de choque da PM, que faz uso de práticas fascistas, como num “ensaio” de tortura.

Ensaio que se torna teatro vivo nas favelas e periferias do Brasil. Todos os dias a classe trabalhadora é humilhada pela polícia, combinando domínio clandestino com torturas, espancamentos e ameaças (existe um vídeo na internet de um flagrante de espancamento de um senhor na porta de sua casa por policiais do exercito no complexo do Alemão, além de várias denúncias contra a implementação de UPP’s). E isso também foi denunciado pelos estudantes, antes mesmo do dia 08/11, pois tiveram que se confrontar com as posições que lhes foram atribuidas pela mídia burguesa, de que lutavam por privilégios particulares em detrimento aos interesses da sociedade em geral (retrospectiva: primeiramente, a diretoria da FFLCH foi ocupada no dia 27/10, pois os estudantes se opunham a repressão a três estudantes que fumavam maconha no estacionamento da universidade). Desde o início não é privilégio nenhum para a USP a combinação polícia e universidade. Existem muitas universidades brasileiras com convênios semelhantes e a nossa é só mais uma com presença constante da polícia dentro do campus. Existem muitas universidades brasileiras onde, assim como os estudantes da USP e da UNIR em Rondônia, estudantes, trabalhadores e professores são processados, criminal e administrativamente, expulsos, os espaços estudantis são questionados, catracas são implementadas, câmeras e vigilância aparecem.

Para que tanta polícia senão para conservar e aprofundar um caráter contraditório de uma universidade cada vez mais servente a interesses lucrativos? Seria casualidade a implementação da Polícia Militar nas Universidades de todo o país se dar ao mesmo tempo do avanço nas privatização “mascarada” via fundações privadas que recebem dinheiro do governo para potencializarem seus lucros, muitas vezes participados por setores da burocracia acadêmica bi(ou tri)-remunerados? Além de fundos de amparo à pesquisa (torneirinhas de recursos, gerindo de forma anti-democrática a vida e morte acadêmica de todos) ligados ao interesse dos grandes capitalistas?

Nesse sentido é importante que toda a comunidade acadêmica (professores, funcionários e estudantes) se posicione publicamente contra a militarização da USP e de universidades em todo o país, pelo fora PM, fim dos processos, extinção dos projetos de instalação de câmeras e catracas e para que não se interfira nos espaços estudantis; fim da repressão dentro das universidades (inclusive dentro de sala de aula), questionando assim seu regime não-democrático, excludente, reflexo do direcionamento ideológico neoliberal na produção de conhecimento e financiamento das universidades. RETIRADA IMEDIATA DE TODOS OS INQUÉRITOS CRIMINAIS DOS 73 PRESOS POLÍTICOS.

Para lutarmos e construirmos uma universidade realmente à serviço do povo pobre e dos trabalhadores que hoje estão fora dela.

FRANCISCO - ESTUDANTE DE FILOSOFIA; 
LARISSA - ESTUDANTE DE CIÊNCIAS SOCIAIS; 
ITAUAN - ESTUDANTE DE FILOSOFIA; 
RODRIGO - ESTUDANTE DE FILOSOFIA; 
THIAGO - ESTUDANTE DE FILOSOFIA; 
BERNARDO - ESTUDANTE DE FILOSOFIA, DA JUVENTUDE ÀS RUAS

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